Corre por aí discussão séria sobre o ‘dia de reflexão’. Valerá a pena calar partidos e jornalistas para que o povo, recolhido e sábio, possa ‘reflectir’ sobre os candidatos? Luminárias avulsas garantem que a tradição é anacrónica e paternalista: o mundo mudou e, além disso, o povo não é estúpido.
Discordo. O dia mais civilizado de uma campanha é o ‘dia de reflexão’, esse milagroso momento em que o País respira uma brisa de normalidade. Após duas semanas de campanha oficial, sem contar com as farsas da pré-campanha, qualquer português equilibrado só pode agradecer a trégua.
Na prática eleitoral em curso, não é o ‘dia de reflexão’ que merece reforma; são todos os outros dias, em que os candidatos persistem em campanhas de ruído e boçalidade por ruas e mercados. Isso, sim, é anacrónico e paternalista. O mundo mudou. E, claro, o povo não é estúpido.
João Pereira Coutinho
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