lunes, 27 de febrero de 2012

Baptista Bastos...Escritor e Jornalista...hoje é o seu 78º anivesário...

Armando Baptista-Bastos (Lisboa, 27 de Fevereiro de 1934), jornalista e escritor português.
Estudou na Escola de Artes Decorativas António Arroio e no Lycée Français Charles Lepierre, em Lisboa.
Iniciou a sua carreira profissional na redacção de O Século passando, de seguida, a subchefe de redacção de O Século Ilustrado.
Foi redactor de outros jornais, como O Diário, República, Europeu, Almaque, Seara Nova, Gazeta Musical e Todas as Artes, Época, Sábado e Diário Popular, onde permaceu por duas décadas.
Foi correspondente da Agence France-Presse, em Lisboa. Assinou ainda várias colunas no Jornal de Notícias, A Bola, Tempo Livre e, como crítico, colaborou com o Jornal de Letras, Artes e Ideias, o Expresso, o Jornal do Fundão, o Correio do Minho e o Diário Económico. Fundou ainda o semanário O Ponto, periódico que registou uma série de entrevistas semanais.
Na rádio leu as suas crónicas, nomeadamente na Antena 1 e na Rádio Comercial.
Actualmente é colunista do Diário de Notícias, do Jornal de Negócios e do Jornal do Fundão.
Na televisão deu-se a conhecer como apresentador, na década de 1990, do programa Conversas Secretas na SIC.
A convite do jornal Público, realizou uma série de dezasseis entrevistas sob a designação «Onde é que você estava no 25 de Abril?», posteriormente editadas em CD-ROM.
O Cinema na Polémica do Tempo foi o seu primeiro livro de ensaio, publicado em 1959.
Em 1969 lançava As Palavras dos Outros.
...
O capítulo grego

Diz uma grega, à televisão: "O vandalismo não é correcto, OK, mas quando o
desespero nos consome, que fazer?" A frase nada explica. Mas talvez justifique
alguma coisa. E as multidões de gregos atormentados não podem ser cândida e
confortavelmente catalogados de "anarquistas".
O que está a acontecer na Grécia não deve, apenas, ser atribuído ao descaso e à incompetência dos políticos.
Embora a Nova Democracia, partido de direita, onde se acoitam muitos daqueles
que apoiaram a ditadura dos coronéis, tenha amplas responsabilidades na
situação. Aliás, de uma forma ou de outra, a Nova Democracia esteve sempre no
poder, e a actuar consoante as derivas, por exemplo, do PASOK.
O caos grego não tem sido bem explicado. E as "ajudas" externas, com taxas de
juro humilhantes, têm acentuado a distorção e quebrado os laços sociais. Os
laços sociais sempre se opuseram às lógicas do belicismo. Provinham do conflito
moral e político com a ditadura; e, se quisermos, da experiência terrível
ocasionada pela guerra civil. A sua inserção no quotidiano, na vida de todos os
dias, é um elemento essencial da efectividade com que essas tensões se
acumularam. A cólera do povo grego manifesta-se de modo unívoco, e é explicável
pelas razões históricas das relações de poder.
Há uma ocultação das responsabilidades, que parece criarem uma impotência na
rigorosa explicação dos factos. A quem interessa esta babel de confusão e de
discórdia, que alastra pela Europa, e de que a Grécia é reflexo dramático?
Qual o país que se segue, na continuidade da dissolução de um projecto que se
pretendia harmonioso e solidário? Talvez sejam fáceis e claras as explicações,
mas a própria natureza desta balbúrdia, meticulosamente organizada, pode
conduzir a conjunturas bem mais trágicas: à guerra, por exemplo.
O cerco feito aos gregos, os vexames a que são submetidos em declarações
proferidas por ignaros funcionários estrangeiros, provocam a mais funda
indignação naqueles que ainda sentem o rebate da consciência. E a reacção
daquele povo resulta da humilhação sistemática de que é alvo.
Sinto uma surda revolta quando ouço os medíocres políticos portugueses
dizerem: "Mas nós não somos a Grécia!", sem a noção do peso das palavras e com a
desfaçatez de quem nada conhece de história.
Não; não somos a Grécia, mas pertencemos- -lhe, e a Grécia pertence-nos. Faz parte integrante da nossa condição relacional e da existência cultural e intelectual que nos define. Temos
mais ou menos o mesmo número de população, e o percurso das nossas vidas possui
traços muito semelhantes. A comparação, depreciativa e sórdida, constantemente
feita, assume os contornos de grave insulto.
(in DN)

No hay comentarios:

Publicar un comentario