lunes, 27 de febrero de 2012

EDUCAÇÃO...Outras gentes...outros países...

Helena Rico - Holanda
Desde que vivo na Holanda, terminou o pesadelo
.
A propósito do desafio sobre os novos hábitos de poupança na abertura do ano lectivo, resolvi partilhar a minha experiência uma vez que vivo no norte da Holanda, onde tudo se passa de
modo completamente diferente.
Em primeiro lugar, os livros são gratuitos.
São entregues a cada aluno no início do ano lectivo, com um autocolante que
atesta o estado do livro. Pode ser novo ou já ter sido anteriormente usado por
outros alunos. No final do ano, os livros são devolvidos à escola e de novo
avaliados quanto ao seu estado.
Se por qualquer razão foram entregues em bom estado e devolvidos já muito mal tratados, o aluno poderá ter de pagá-los, no todo ou em parte.Todos os anos, os cadernos que não foram terminados voltam a ser usados até ao fim. O contrário é, inclusivamente, muito mal visto.
Os alunos são estimulados a reusar os materiais.
Nas disciplinas tecnológicas e de artes, são fornecidos livros para desenho, de capa dura, que deverão ser usados ao longo de todo o ciclo (cinco anos).Obviamente que as lojas
estão, a partir de Julho/Agosto, inundadas de artigos apelativos mas nas escolas
a política é a de poupar e aproveitar ao máximo.
Se por qualquer razão é necessário algum material mais caro (calculadora, compasso, por exemplo), há um sistema (dinamizado por pais e professores, ou alunos mais velhos) que permite o empréstimo ou a doação, consoante a natureza do produto.Ao longo do ano,
os alunos têm de ler obrigatoriamente vários livros.
Nenhum é comprado porque a escola empresta ou simplesmente são requisitados numa das bibliotecas da cidade, todas ligadas em rede para facilitar as devoluções, por exemplo. Aliás, todas as crianças vão à biblioteca, é um hábito muito valorizado.
A minha filha mais nova começou as suas aulas de ballet. Não nos pediram nada, nenhum
fato nem sapatos especiais. Mas como é universalmente sabido, as meninas gostam
do ballet porque é cor-de-rosa e porque as roupas também contam. Então,
as mães vão passando os fatos e a minha filha recebeu hoje, naturalmente,
o seu maillot cor-de-rosa com tutu, e uns sapatinhos, tudo já usado.
Quando já não servir, é devolvido. E não estamos a falar de famílias
carenciadas, pelo contrário.
É assim há muito tempo.
O meu filho mais velho começará a ter, na próxima semana, aulas de guitarra. Se a coisa for
levada mesmo a sério, poderemos alugar uma guitarra ou facilmente comprar uma em
segunda mão.
Este sistema faz toda a diferença porque, desde que vivo na Holanda, terminou o pesadelo do início do ano. Tudo se passa com maior tranquilidade, não há a febre do "regresso às aulas do Continente" e os miúdos e os pais são muito menos pressionados.
De facto, noto que há uma grande diferença se compararmos o nosso país e a Holanda (ou com outros países do Norte da Europa, onde tudo funciona de forma idêntica). Usar ou comprar o que quer que seja em segunda mão é uma atitude socialmente louvável, pelo que existem mil e
uma opções.
Não só se aprende desde cedo a poupar e a reutilizar, como a focar as atenções, sobretudo as dos mais pequenos, nas coisas realmente importantes.

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