O espectáculo dado ontem pela comissão de inquérito ao BPN foi lamentável.
O deputado Nuno Melo, que tem feito até aqui um bom trabalho, reduziu a sua estratégia à picuinhice de enervar Vítor Constâncio e levá-lo a admitir que errou na supervisão ao banco. Tudo por causa, em grande medida, de uma questão ideológica, a "nacionalização de um banco", menos pelo prejuízo objectivo causado aos contribuintes por razões ainda hoje pouco claras.
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A nacionalização do BPN é menos uma questão ideológica, é exclusivamente um rombo no erário público, o próprio banco um caso de polícia e um símbolo demolidor da credibilidade de um significativo leque de ex-governantes, empresários, procuradores, polícias, etc.
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Depois, o próprio Vítor Constâncio não foi exemplar. E não foi sobretudo pela inaceitável irritação e sobranceria que demonstrou por ter de responder a "pormenores" relacionados com a actividade do Banco de Portugal ou, afirmou, por as questões exprimirem a "ignorância" dos deputados.
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O que está em causa é demasiado sério para nos quedarmos reverentes a certos cargos ou personalidades.
O bom uso dos recursos públicos exige mais humildade democrática a uns e a outros, não as ignorâncias diversas, genuínas ou de conveniência, mostradas ontem no Parlamento.
Eduardo Dâmaso
in CM
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