Se quisermos estabelecer um paralelo de relativa proximidade poder-se-á dizer que em Teerão cheira a Tianamen. No país dos ayatollas, não saíram tanques para as ruas a reprimir as manifestações pela liberdade, mas saíram os guardiães da revolução islâmica a matar e a prender todas as bocas que gritam por mudança no fechado regime iraniano.
Os acontecimentos dos últimos dias em Teerão são, no entanto, a expressão de uma dinâmica de mudança que parece imparável e que vai muito para lá daquilo que é Moussavi, o líder da oposição.
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No Irão, emerge sobretudo uma classe média urbana instruída, aberta ao mundo, que rompe com o cânone de um país submisso ao poder dos líderes religiosos fundamentalistas. Essa é uma classe média que mostra enorme porosidade com o mundo, utilizando todo o potencial das novas tecnologias de comunicação e o suporte das comunidades de emigrantes espalhadas pelo mundo.
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Ali, mais do que um daqueles confrontos ideológicos clássicos do tempo da Guerra Fria, ocorre um claro conflito de estilos e modos de vida.
Um poder antidemocrático e claustrofóbico esmaga uma parte da sociedade apegada à liberdade de expressão, ao voto livre e a valores laicos.
O problema é que, desta vez, o grito da revolta ecoa mais longe e não dá sinais de querer parar. Ainda bem!
Eduardo Dâmaso
in CM
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