
comunismo, no final do século passado, teve o seu momento de glória - na América
e depois na União Europeia -, mas parece estar a esgotar-se. O seu grande trunfo
cifrou-se numa palavra horrível: austeridade. Para engordar os mercados, valer
aos bancos e para tornar mais ricos os magnatas, a austeridade está, com as
medidas propostas, a destruir as classes médias, a aumentar em flecha os
desempregados e a criar mais pobreza, paralisando a economia real, tornando
inevitáveis a recessão e, portanto, atirando cada vez mais trabalhadores para o
desemprego.
Os países da Zona Euro estão a perder o sentido do crescimento económico, dos
valores éticos, da solidariedade e a pôr em perigo o contrato social,
responsável por quatro décadas de paz, de bem- -estar, de democracia pluralista
e de progresso. Tudo isso está em causa, uma vez que os dirigentes europeus
aceitaram pôr os Estados ao serviço dos mercados e dos seus serventuários
principais, as empresas de rating, que têm por função atemorizar os governantes
e manipular os Estados...
A União Europeia, de Cimeira em Cimeira, tem dado pequenos passos para tentar
emendar a mão - com a resistência persistente da chanceler Merkel -, embora o
FMI, seguramente por influência dos Estados Unidos, e o Banco Central Europeu,
desde que tem à frente um italiano de grande gabarito, Mario Draghi, tenham
finalmente compreendido que a austeridade, por si só, levará a um desastre, que
aliás está à vista. A Comissão Europeia também tem procurado expressar algumas
preocupações que vão no mesmo sentido, mas entalada como está entre a chanceler
Merkel e o ainda Presidente Sarkozy, a poucas semanas das eleições
presidenciais, hesita e não tem dado nenhum contributo favorável.
O Tratado que há duas semanas foi subscrito por líderes de 25 Estados europeus e
está ainda na fase de ratificação pelos Parlamentos nacionais parece já estar
ultrapassado, havendo Estados que querem ir mais além. É evidente!
Sem um Governo europeu, financeiro e económico (e mais tarde político), não há
austeridade que, por si só, valha à União, à beira do abismo. É, portanto,
imprescindível para vencer a crise mudar de paradigma e ter uma estratégia
política, financeira e social concertada e solidária. Não se trata só da Grécia,
que acaba de receber uma ajuda financeira importante, nem da Irlanda e de
Portugal. Hoje, há dois Estados, dos mais importantes da União - Espanha e
Itália -, que estão a ser atacados pelos mercados e a esses a solidariedade
europeia não lhes pode faltar, se quisermos que a União não sucumba, como
projecto de paz, de democracia social e de bem-estar.
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