
Destruiram a indústria naval e queixam-se!
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A decadência dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo poderá um dia vir a
ser caso de polícia, não sei. Sei que é uma tremenda acusação sobre os Governos
que têm esgotado, para desgraça do País, os meios financeiros do Estado em
políticas claramente erradas de desenvolvimento.
Lembro-me de, em setembro de 2010, no dealbar de uma campanha eleitoral que o
veio a reeleger, ouvir o Presidente Cavaco Silva dizer que o mar deveria ser uma
prioridade da agenda política portuguesa.
A ironia é ter sido Cavaco Silva primeiro-ministro que assistiu ao
desmantelamento da frota pesqueira nacional, num estranho e antipatriótico
investimento na paragem de produção, subsidiada pela Europa.
Também é incrível ouvir essa frase de quem aceitou ou se conformou com a
lenta fragilização do que foi um gigante da construção e reparação naval, o
conjunto Lisnave/Setenave, reduzido hoje aos estaleiros da Mitrena,
modernizados, é certo, mas sem a capacidade dos tempos em que os estadistas, do
Estado Novo à República saída do 25 de Abril, lá iam cortar fitas e discursar
sobre aquilo que designavam como orgulho nacional.
Destruiu-se esse polo industrial, no final dos anos 80, e atiraram-se para a
fome, literalmente, milhares de famílias no distrito de Setúbal, que
atravessaram uma crise que só começou a aliviar quando, a meio da década de 90,
a Autoeuropa de capitais estrangeiros (subsidiados com isenções fiscais) começou
a laborar e a empregar gente.
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