Mário de Sá-Carneiro (
Lisboa,
19 de Maio de
1890 —
Paris,
26 de Abril de
1916) foi um
poeta,
contista e
ficcionista português, um dos grandes expoentes do
modernismo em
Portugal e um dos mais reputados membros da
Geração d’Orpheu.
Índice
- 1 Biografia
- 2 Obra
- 3 Obras
- 4 Obras Póstumas
- 4.1 Indícios de Oiro (1937)
- 4.2 Correspondência
- 4.3 Traduções
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- Álcool
Guilhotinas, pelouros e castelos Resvalam longemente em
procissão; Volteiam-me crepúsculos amarelos, Mordidos, doentios de
roxidão.
Batem asas de auréola aos meus ouvidos, Grifam-me sons de
cor e de perfumes, Ferem-me os olhos turbilhões de gumes, Descem-me a
alma, sangram-me os sentidos.
Respiro-me no ar que ao longe vem, Da
luz que me ilumina participo; Quero reunir-me, e todo me dissipo ---
Luto, estrebucho... Em vão! Silvo pra além...
Corro em volta de mim
sem me encontrar... Tudo oscila e se abate como espuma... Um disco de
oiro surge a voltear... Fecho os meus olhos com pavor da bruma...
Que droga foi a que me inoculei? Ópio de inferno em vez de
paraíso?... Que sortilégio a mim próprio lancei? Como é que em dor
genial eu me eternizo?
Nem ópio nem morfina. O que me ardeu, Foi
álcool mais raro e penetrante: É só de mim que ando delirante --- Manhã
tão forte que me anoiteceu.
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