Há 35 anos era a Revolução.
Às 6 da manhã, alguém me telefonou: "A tropa está na rua!". Corri para o jornal, inquieto. Depois do 16 de Março, falava-se que Kaúlza e sectores direitistas do Exército preparavam um golpe.
Na rádio ouviam-se marchas militares, só interrompidas por um comunicado do MFA aconselhando as pessoas a ficar em casa e ordenando às forças policiais que recolhessem aos quartéis.
De repente, contudo, as ruas encheram-se de gente gritando: "Liberdade! Liberdade!".
A Polícia ainda carregou sobre os primeiros manifestantes, mas já era tarde: tínhamos perdido o medo.
.
Em breve a Praça e os Aliados transbordavam de homens e mulheres, muitos com lágrimas nos olhos, abraçando-se e festejando e, aos meus ombros, minha filha, de 3 anos, com um cravo vermelho na mão, gritava também, contagiada por tanta felicidade: "Liberdade! Liberdade!".
Há 35 anos era a Revolução. Depois foi (é) o que se sabe.
Diz Carlyle na sua "História da Revolução Francesa" que as revoluções são sonhadas por idealistas e realizadas por fanáticos, e quem delas se aproveita são os oportunistas de todas as espécies.
Manuel António Pina
in JN
Suscribirse a:
Enviar comentarios (Atom)
No hay comentarios:
Publicar un comentario