martes, 28 de abril de 2009

Os arautos do miserabilismo...

A inquietação mundial não pára. Saltamos da pandemia das aves para a febre dos porcos, da peste financeira para a recessão económica, mal tínhamos saído do aumento brutal dos combustíveis... a globalização não nos traz paz e sossego e percebemos que não estamos só em rede para o bem, passamos a estar agarrados em rede para a tragédia.
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A crise internacional que se sobrepôs à crise nacional- que cresce e se aloja como um vírus desde os tempos da decadência do cavaquismo- parece servir para servir de álibi ao pior que alguma vez se fez no país.E, agora num remake do que foi o famigerado PREC, aparecem umas carolas iluminadas, ditando teorias que já não são as neo-liberais de génios da gestão. como João Rendeiro, mas de um teor justiceiro, pretendendo castigar os ricos mais fracos, os gestores que durante uma década foram a base de sustentação de um regime injusto, feito para criar novos-ricos e ganhar à fartazana em engenharias financeiras, estudadas e aconselhadas em universidades tão prestigiadas como a Católica.
Verdade.
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A moda económica passou a ser, não já a dinâmica e a lei do mercado, mas a abstinência salarial, uma receita prescrita por uns endireitas armados em génios, ou por agentes do capitalismo ferido, que mantêm essa máxima: lucro máximo, para investimento e risco minimos.
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Há pouco na SIC-N um desses mágicos, um tal Vítor Bento especialista em cartões multibanco, defendia através de um gráfico em papel A4 (voltámos ao antigo!) que os nossos ordenados tinham de descer.
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Não explicava se o dele também, e de um exército de gestores deste país que ganham dezenas de milhares de euros por mês, mais carros topo de gama, cartões de crédito, dividendos e outras mordomias mais ou menos secretas.
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Não explica porque há empresas onde a diferença do salário mais baixo para o mais alto chega a rondar as vinte vezes, e onde ao lado dos carros de seis cilindros da administração há funcionários que têm de trazer a comida de casa numa marmita porque nem podem comer na cantina da empresa.
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Portanto: esta nova casta de iminências que têm um inexplicável tempo de antena nas televisões e nos jornais, pagos pela publicidade que nós consumimos, têm já um objectivo claro: espalharem a desgraça, assustarem, para depois iniciarem o processo usado pelos conservadores das cavernas: salários baixos, falta de qualificação, produção medíocre.
Querem uma sociedade capitalista de consumidores fracos, no fundo defendem o contrário do que deviam: um capitalismo forte, com vigor e pujança consumista.
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O que vale é que a febre dos porcos ainda os vai entretendo.
in Blog Instante Fatal

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