Ontem fui atendido numa caixa de supermercado por uma
licenciada em Engenharia, área em que parece não faltar emprego. O seu problema,
explicou-me resignada, era a universidade que lhe atribuíra o diploma...
Muitas escolas de ensino superior privado são hoje apenas negócios (e sem
departamentos de pós-venda). Comercializam diplomas de "dr", de "mestre" e de
"doutor por extenso" como poderiam comercializar frutas ou legumes. Com uma
diferença: o sector das frutas e legumes é mais fiscalizado e os seus
consumidores mais protegidos do que os do "sector" do ensino superior.As universidades públicas, apesar do "salve-se quem puder" orçamental para que foram empurradas, vão sobrevivendo ao naufrágio. E o mesmo se diga de algumas universidades privadas, que mantêm cotação de exigência e rigor. (Uma sugestão ao ME: já que o ensino superior é uma actividade empresarial "liberalizada", por que não uma Bolsa de Valores Universitária? Assim, os alunos saberiam o que compram ao matricular-se em certas universidades. Um "outlet" para diplomas inúteis ou com defeito também não seria má ideia.)
Há muita hipocrisia em tudo isto. Porque não "liberaliza" o ME também os cursos de Medicina? Talvez porque, parafraseando Harold Bloom a propósito da política de quotas nos EUA, o ministro não queira ser um dia operado ao cérebro por um turbolicenciado à bolonhesa ou por um mestre ou doutor "equivalentes".
(JN)
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