Biografia
Em 1983 Juan Ramón foi como aluno interno para o colégio de jesuítas do porto de Santa Maria (C´dis), onde fez os estudos secundários até 1896. Aí escreveu os primeiros versos.
No Outono de 1896 foi para Sevilha estudar Direito, por vontade paterna, e pintura, por gosto próprio. Começou a ler os poetas espanhóis mais famosos da época: Gustavo Adolfo Bécquer, Rosalía de Castro, Curros Enríquez, e românticos franceses e alemães.
De regresso a Moguer, em 1899, correspondeu-se com Salvador Rueda - poeta introdutor do modernismo em Espanha - e Francisco Villaespesa, que abriu a Jun Ramón as portas da vida literária da capital, onde o modernismo começava a triunfar.
Deslocou-se para a Madrid em Abril de 1900, ocorrendo pouco tempo depois a morte repentina do seu pai, que lhe causou um traumatismo para toda a vida: o pavor da morte súbita e o consequente desejo de ter sempre próximo de si um médico.
No princípio de 1905 voltou para Moguer, dominado por implacável neurose, em busca de repouso e ternura familiar.
Em 1913 conheceu Zenobia Camprubí Aymar, mulher graciosa, culta, de espírito sensível e apaixonada pelo poeta e pela sua obra, com quem casou em 1916. O amor e o casamento tornam-se então motivos para um dos melhores livros de Juan Ramón, Diario de un poeta recién casado.
Depois de sucessivas viagens e hospitalizações por motivo das frequentes depressões nervosas do poeta, Juan Ramón e Zenobia mudam-se para Porto Rico.
O poeta ganhou o Prémio Nobel da Literatura em 1956, morreu a 29 de Maio de 1958.
Escrever sobre Juan Ramón Jímenez obriga a falar de modernismo: a sua poesia foi, no começo, influenciada pelo movimento e fez depois evoluir o modernismo espanhol.
Assim iniciada, a poesia de Juan Ramón começou por obedecer às leis deste amplo movimento: um esteticismo de raiz romântica, predominantemente sentimental, em que o eu é quase sempre o centro do poema, com os seus lamentos, uma visão idílica da natureza, uma sensualidade difusa, paisagens que são reflexo do seu espírito inquieto e por vezes mórbido, da consciência que lhe revela a transitoriedade humana, o abismo da beleza inatingível indiferente a essa transitoriedade.
.
Poema
.
Eu não voltarei. E a noite
morna, serena, calada,
adormecerá tudo, sob
sua lua solitária.
Meu corpo estará ausente,
e pela janela alta
entrará a brisa fresca
a perguntar por minha alma.
.
Ignoro se alguém me aguarda
de ausência tão prolongada,
ou beija a minha lembrança
entre carícias e lágrimas.
.
Mas haverá estrelas, flores
e suspiros e esperanças,
e amor nas alamedas,
sob a sombra das ramagens.
.
E tocará esse piano
como nesta noite plácida,
não havendo quem o escute,
a pensar, nesta varanda.
No hay comentarios:
Publicar un comentario