O advogado António
Martins Moreira, natural de Penha Garcia, arrolou, na última semana, a União
Europeia na ação popular que já havia interposto, no ano passado, contra o
Estado Português.
Na origem da ação popular, interposta no Tribunal Administrativo do Círculo
de Lisboa, está a desertificação do interior do país e os prejuízos resultantes
da política agrícola seguida por Portugal e pela Europa.
O advogado, que tem o seu escritório em Torres Vedras, quer que o Estado
Português e a União Europeia, sejam condenados a rever todos os programas
negociados no domínio da agricultura e pescas.
António Martins Moreira acredita que o Estado Português e a União Europeia
vão ser condenados.
O advogado revela que essa condenação resultará em diferentes objetivos,
como "estimular, incentivar e desenvolver, com adequados e criteriosos
subsídios, o cultivo e aproveitamento agropecuário de todo o território
nacional, tendo em vista necessidades alimentares do povo português".
A criação de "linhas de crédito bonificado para aquisição de modernos
equipamentos e tecnologias deste setor, estimulando o aproveitamento integral
dos solos e o associativismo agrícola", é outro dos objetivos da ação interposta
pelo advogado.
Outra das medidas exigidas pelo advogado passa pela criação de "um banco de
terras a nível nacional e municipal com a cooperação e coordenação em todos os
municípios".
A ação popular revela que "as assimetrias entre os Estados Membros, na área
do setor primário da atividade económica, - a agricultura e as pescas -, no que
respeita ao nosso País, não só não foram corrigidos e/ou atenuados, como se
agravaram, levando-nos a abandonar, perigosamente, grande parte dos nossos
recursos naturais".
No documento a que tivemos acesso, pode ler-se que o país tem a possui
"mais de dois milhões de hectares de terras do interior de Portugal, totalmente
incultos e abandonados, e 220 mil agricultores a receberem subsídios da União
Europeia para os manterem nessa situação, quando deviam recebê-los para os
cultivarem".
O advogado recorda que
esta situação "conduziu-nos a uma perigosa desertificação e despovoamento de
todo o interior do país, em que se fecharam centenas de escolas primárias,
postos sanitários, postos de correios, e outras infraestruturas de apoio às
populações rurais".
Uma situação que António Martins Moreira diz ficar agravada em 2012 "quando
se prepara o encerramento em massa de tribunais e juntas de freguesia, os
últimos redutos da soberania nacional nestas áreas abandonadas, esquecidas e
desprotegidas".
António Martins Moreira considera a União Europeia corresponsável "com o
Estado Português, pelo estado calamitoso de abandono e de ausência de
aproveitamento das potencialidades dos campos e dos mares de Portugal".
A concluir, António Martins Moreira recorda que "80 por cento dos bens
alimentares de que necessitamos poderiam e deveriam ser produzidos nos nossos
campos. Mas apenas produzimos cerca de 20 por cento das nossas necessidades e em
relação ao trigo que serve de alimento básico nas nossas populações apenas
produzimos 10 por cento!".
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