A propósito do
desafio sobre os novos hábitos de poupança na abertura do ano lectivo, resolvi
partilhar a minha experiência uma vez que vivo no norte da Holanda, onde tudo se
passa de modo completamente diferente.
Em primeiro lugar,
os livros são gratuitos. São entregues a cada aluno no início do ano lectivo,
com um autocolante que atesta o estado do livro. Pode ser novo ou já ter sido
anteriormente usado por outros alunos. No final do ano, os livros são devolvidos
à escola e novamente avaliados quanto ao seu estado. Se por qualquer razão foram
entregues em bom estado e devolvidos já muito mal tratados, o aluno poderá ter
de pagá-los, no todo ou em parte.
Todos os anos, os
cadernos que não foram terminados voltam a ser usados até ao fim. O contrário é,
inclusivamente, muito mal visto. Os alunos são estimulados a reutilizar os
materiais. Nas disciplinas tecnológicas e de artes, são fornecidos livros para
desenho, de capa dura, que deverão ser usados ao longo de todo o ciclo (cinco
anos).
Obviamente que as
lojas estão, a partir de Julho/Agosto, inundadas de artigos apelativos mas nas
escolas a política é a de poupar e aproveitar ao máximo. Se por qualquer razão é
necessário algum material mais caro (calculadora, compasso, por exemplo), há um
sistema (dinamizado por pais e professores, ou alunos mais velhos) que permite o
empréstimo ou a doação, consoante a natureza do produto.
Ao longo do ano,
os alunos têm de ler obrigatoriamente vários livros.
Nenhum é comprado
porque a escola empresta ou simplesmente são requisitados numa das bibliotecas
da cidade, todas ligadas em rede para facilitar as devoluções, por exemplo.
Aliás, todas as crianças vão à biblioteca, é um hábito muito valorizado.
A minha filha mais
nova começou as suas aulas de ballet. Não nos pediram nada, nenhum fato nem
sapatos especiais. Mas como é universalmente sabido, as meninas gostam do ballet
porque é cor-de-rosa e porque as roupas também contam. Então, as mães vão
passando os fatos e a minha filha recebeu hoje, naturalmente, o seu maillot
cor-de-rosa com tutu, e uns sapatinhos, tudo já usado. Quando já não servir, é
devolvido. E não estamos a falar de famílias carenciadas, pelo contrário. É
assim há muito tempo.
O meu filho mais
velho começará a ter, na próxima semana, aulas de guitarra. Se a coisa for
levada mesmo a sério, poderemos alugar uma guitarra ou facilmente comprar uma em
segunda mão.
Este sistema faz toda a diferença porque, desde
que vivo na Holanda, terminou o pesadelo do início do ano. Tudo se passa com
maior tranquilidade, não há a febre do "regresso às aulas do Continente" e os
miúdos e os pais são muito menos pressionados. De facto, noto que há uma grande
diferença se compararmos o nosso país e a Holanda (ou com outros países do Norte
da Europa, onde tudo funciona de forma idêntica). Usar ou comprar o que quer que
seja em segunda mão é uma atitude socialmente louvável, pelo que existe mil e
umas opções. Não só se aprende desde cedo a poupar e a reutilizar, como a focar
as atenções, sobretudo as dos mais pequenos, nas coisas realmente
importantes.
Helena Rico, 42 anos, Groningen, Holanda
<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<
Portugal não é um país Rico! É sim um País
subdesenvolvido.
Nos países subdesenvolvidos, cada um quer ser
melhor que o outro. É assim que o consumismo dispara de modo absolutamente
estúpido.
Em Portugal ir para a escola com um livro usado!
Nem pensar! O meu menino não é nenhum "pelintra"!
Comentários para quê?
No hay comentarios:
Publicar un comentario