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A pretexto de aliviar a crise, os nossos governantes continuam a agigantar um Estado que interfere em tudo e já tem a maior parte dos eleitores a viver de rendimentos directamente arbitrados pelo Governo. A pretexto de combater a corrupção, os legisladores restringem os direitos e garantias dos cidadãos, deixando-os à mercê de serviços públicos susceptíveis de todo o género de pressões e fugas de informação. Já pensaram no que pode um Governo de gente hábil e sem escrúpulos fazer com tudo isto?
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Continuamos a imaginar a ditadura segundo o velho figurino de 1926: um general a censurar jornais e proibir partidos. Mas uma próxima ditadura poderá ser outra coisa: apenas um Governo que saiba explorar a dependência do eleitorado e a pressão permitida pelos novos instrumentos legais de intrusão e suspeita para nos tratar a todos, durante muito tempo, como o rebanho que no fundo somos e queremos ser.
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Em 1974, os revolucionários sabiam o que estavam a fazer; os de agora, no meio das palmas boçais do populismo, talvez não. É a revolução da miopia.
Rui Ramos
in CM
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