José Sócrates continua o "animal feroz" que disse ser, ou é o "português suave", agora investido? O comoventíssimo problema tem queimado as meninges dos augustos comentadores da política nacional. Está mais sereno, está mais humilde, está mais modesto e menos arrogante - disse-se e escreveu-se. Há duas semanas que esta gente tem agido segundo os princípios de um pensamento feito de frivolidades e de absurdos; e o próprio primeiro-ministro, tão reservado em assuntos realmente graves, não resistiu à tentação da irresponsabilidade e respondeu-lhes. Não há prova histórica da mudança: "Eu sou o mesmo" e "não mudo de rumo". Parece um fado e, se calhar - "Chorai guitarras, chorai" -, é o nosso próprio e redondo destino.
Estas minudências são o retrato oval de uma democracia de superfície, que nos incita à renúncia de pensar. Eis o que nos sussurram: as coisas são como são, e deixem a política para os políticos. Não é bem assim. Há muitos anos, conversando com o saudoso prof. Pereira de Moura, disse-lhe, a páginas tantas, que não percebia nada de economia. Respondeu-me: "Mas sabe a tua mulher quando vai à praça."
A três meses de eleições fulcrais vivemos numa farsa sem graça e numa história aos quadradinhos. Pacheco Pereira demonstra a calamitosa ausência de humor que o caracteriza, e espirra-canivetes quando Luís Filipe Menezes lhe chama "a loira do PSD", numa analogia (ou metáfora?) experimental e divertida. Menezes tem sido o alvo privilegiado do Pacheco, mas aquele é muito melhor, mais inteligente e culto do que a maioria dos que este tem apoiado e incensado.
Fogo-de-artifício. É só. Nada do que é importante tem sido debatido, porque a estratégia é impedir-nos de pensar e de agir. Quando a dr.ª Manuela Ferreira Leite aplaude o "manifesto" de 28 economistas (alguns não o são, nem coisa que se pareça), reivindicando o conteúdo do documento como se de ideias suas e antigas se tratasse, a natureza profunda da iniciativa fica destapada. É um texto de abolição, uma birra de gente, certamente estimável, mas com pouco para dizer. De qualquer das formas, o documento não corporiza o antagonismo que pretende representar, além de não indicar, não sugerir, não propor: somente protesta. Para protestar, os 28 são inúteis. Para isso, cá estamos nós. Vamos à praça e contamos os tostões. Não me parece que os signatários estejam em baixo de fundos, e muito menos que foram, unânime e piedosamente, movidos por um escaldante amor ao povo.
Todo este folclore não é cândido. O que está em causa é irresumível nessa espécie de competição de caracteres entre Sócrates e Manuela.
Baptista-Bastos
in DN
sábado, 27 de junio de 2009
Em plano inclinado...
A trapalhada (a coisa não tem outro nome) em que o Governo se meteu por causa da intenção da PT de adquirir 30% da Media Capital (dona da TVI) teve ontem o seu mais patético episódio: o primeiro-ministro vetou a operação, por não querer que, como os maldosos vinham dizendo, se pensasse remotamente na possibilidade de o Executivo estar a manobrar no sentido de alterar a linha editorial da estação televisiva, que lhe é agreste.
Isto é: José Sócrates travou, pela força de uma anacrónica "golden share", um negócio entre empresas privadas apenas e só porque isso lhe convém politicamente. Extraordinário.
.
Diz o adágio: o que começa mal, tarde ou nunca se endireita. O "caso PT/TVI" mostra bem a veracidade do provérbio popular. De forma espantosa, Sócrates meteu-se num beco sem saída, ao dizer que nada sabia sobre o negócio. Se não sabia, devia saber. Se não sabia, devia pedir explicações aos responsáveis máximos da empresa. Como não o fez, deixou que uma carregada nuvem de suspeições se abatesse sobre o caso.
A estocada final pertenceu ao presidente da República, quando, usando exactamente a mesma expressão escolhida por Manuela Ferreira Leite, pediu "transparência" às partes.
.
O que impressiona mais nisto tudo é a circunstância de o Governo vir a somar erro atrás de erro sem que ninguém, incluindo Sócrates, ponha travão à desgraça. Ele foi o despistado ministro da Agricultura a desmentir-se em meia-hora; ele foi a estranha história da Fundação para as Comunicações (que ainda há-de dar muito que falar); ele foi o recuo no TGV....
De repente, o Governo parece ter entrado na fase do plano inclinado, etapa da qual é muito delicado sair, sobretudo quando ela surge logo após uma fragorosa derrota eleitoral.
.
Há um mês ninguém no seu perfeito juízo diria que tanta asneira junta seria possível num Governo que se especializou no controlo de danos e na eficácia da mensagem a passar. Mas, enfim, a vida tem destas coisas. E, num instante, parece que estamos de volta ao desastroso Governo de Santana Lopes: tudo parece inconsistente, volátil, efémero e decidido em cima do joelho, em função das circunstância e não da importância.
.
Quem beneficia com isto? Antes de mais, o PSD, claro está. A Manuela Ferreira Leite basta-lhe agora ficar quietinha no seu sítio a bater com violência na tecla do endividamento e das obras públicas que nos hipotecam o futuro.
Por este caminho, o Governo tratará de cavar ainda mais o fosso com o eleitorado que mostrou o seu desagrado nas eleições europeias.
Quem diria? Sócrates encontra-se num labirinto. E a cada dia que passa é-lhe mais difícil encontrar a saída.
Paulo Ferreira
in JN
Isto é: José Sócrates travou, pela força de uma anacrónica "golden share", um negócio entre empresas privadas apenas e só porque isso lhe convém politicamente. Extraordinário.
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Diz o adágio: o que começa mal, tarde ou nunca se endireita. O "caso PT/TVI" mostra bem a veracidade do provérbio popular. De forma espantosa, Sócrates meteu-se num beco sem saída, ao dizer que nada sabia sobre o negócio. Se não sabia, devia saber. Se não sabia, devia pedir explicações aos responsáveis máximos da empresa. Como não o fez, deixou que uma carregada nuvem de suspeições se abatesse sobre o caso.
A estocada final pertenceu ao presidente da República, quando, usando exactamente a mesma expressão escolhida por Manuela Ferreira Leite, pediu "transparência" às partes.
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O que impressiona mais nisto tudo é a circunstância de o Governo vir a somar erro atrás de erro sem que ninguém, incluindo Sócrates, ponha travão à desgraça. Ele foi o despistado ministro da Agricultura a desmentir-se em meia-hora; ele foi a estranha história da Fundação para as Comunicações (que ainda há-de dar muito que falar); ele foi o recuo no TGV....
De repente, o Governo parece ter entrado na fase do plano inclinado, etapa da qual é muito delicado sair, sobretudo quando ela surge logo após uma fragorosa derrota eleitoral.
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Há um mês ninguém no seu perfeito juízo diria que tanta asneira junta seria possível num Governo que se especializou no controlo de danos e na eficácia da mensagem a passar. Mas, enfim, a vida tem destas coisas. E, num instante, parece que estamos de volta ao desastroso Governo de Santana Lopes: tudo parece inconsistente, volátil, efémero e decidido em cima do joelho, em função das circunstância e não da importância.
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Quem beneficia com isto? Antes de mais, o PSD, claro está. A Manuela Ferreira Leite basta-lhe agora ficar quietinha no seu sítio a bater com violência na tecla do endividamento e das obras públicas que nos hipotecam o futuro.
Por este caminho, o Governo tratará de cavar ainda mais o fosso com o eleitorado que mostrou o seu desagrado nas eleições europeias.
Quem diria? Sócrates encontra-se num labirinto. E a cada dia que passa é-lhe mais difícil encontrar a saída.
Paulo Ferreira
in JN
A Jura...
Helen Keller...foi Escritora e Ativista Social...
Helen Adams Keller (Tuscumbia, 27 de junho de 1880 — Westport, 1 de junho de 1968) foi uma escritora, conferencista e ativista social estadunidense.
Nascida no Alabama, foi dos maiores exemplos de que as deficiências sensoriais não são obstáculos para se obter sucesso.
Helen Keller foi uma extraordinária mulher, triplamente deficiente, que ficou cega e surda, desde tenra idade, devido a uma doença diagnosticada na época como febre cerebral (hoje acredita-se que tenha sido escarlatina).
Superou todos os obstáculos, tornando-se uma das mais notáveis personalidades do nosso século. Ela sentia as ondulações dos pássaros através dos cascos e galhos das árvores de algum parque onde ela passeava.
Tornou-se uma célebre escritora, filósofa e conferencista, uma personagem famosa pelo extenso trabalho que desenvolveu em favor das pessoas portadoras de deficiência. Anne Sullivan foi sua professora, companheira e protetora.
A história do encontro entre as duas é contada na peça The Miracle Worker, de William Gibson, que virou o filme O Milagre de Anne Sullivan, em 1962, dirigido por Arthur Penn (em Portugal, O Milagre de Helen Keller).
Índice
1 Vida
2 Obra
3 Ver também
4 Ligações externas
Nascida no Alabama, foi dos maiores exemplos de que as deficiências sensoriais não são obstáculos para se obter sucesso.
Helen Keller foi uma extraordinária mulher, triplamente deficiente, que ficou cega e surda, desde tenra idade, devido a uma doença diagnosticada na época como febre cerebral (hoje acredita-se que tenha sido escarlatina).
Superou todos os obstáculos, tornando-se uma das mais notáveis personalidades do nosso século. Ela sentia as ondulações dos pássaros através dos cascos e galhos das árvores de algum parque onde ela passeava.
Tornou-se uma célebre escritora, filósofa e conferencista, uma personagem famosa pelo extenso trabalho que desenvolveu em favor das pessoas portadoras de deficiência. Anne Sullivan foi sua professora, companheira e protetora.
A história do encontro entre as duas é contada na peça The Miracle Worker, de William Gibson, que virou o filme O Milagre de Anne Sullivan, em 1962, dirigido por Arthur Penn (em Portugal, O Milagre de Helen Keller).
Índice
1 Vida
2 Obra
3 Ver também
4 Ligações externas
viernes, 26 de junio de 2009
O preço do desespero...
O Presidente da República deseja saber por que motivo a PT quer entrar na Media Capital. O prof. Cavaco devia ter ouvido o último debate parlamentar: pela boca do eng. Sócrates, que ironizou com a ‘linha editorial’ da TVI, ficou transparente que o Governo, através da PT, deseja açaimar o único canal televisivo que não come a propaganda do PS.
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Acontece que a jogada tem um problema: o tempo. Tirando a natureza óbvia e imoral do negócio, mais própria de democracias latino-americanas,a entrada na TVI pode ser um erro estratégico. A três meses das legislativas e com a possibilidade séria de as perder,o governo Sócrates arrisca-se a comprar um canal televisivo para o oferecer, logo de seguida, ao governo da oposição. Irónico? Sem dúvida.
Mas é o preço a pagar quando se governa em desespero.
João Pereira Coutinho
in CM
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Acontece que a jogada tem um problema: o tempo. Tirando a natureza óbvia e imoral do negócio, mais própria de democracias latino-americanas,a entrada na TVI pode ser um erro estratégico. A três meses das legislativas e com a possibilidade séria de as perder,o governo Sócrates arrisca-se a comprar um canal televisivo para o oferecer, logo de seguida, ao governo da oposição. Irónico? Sem dúvida.
Mas é o preço a pagar quando se governa em desespero.
João Pereira Coutinho
in CM
Levantamento de rancho em protesto...
Milhares de militares recusaram ontem almoçar nas messes em protesto contra aquilo consideram ser a “degradação” da carreira militar e prometeram endurecer as acções. Em causa está a passagem à reversa compulsiva de dezenas de sargentos, as “distorções” no sistema retributivo, a ausência de enquadramento legal das missões no estrangeiro e o novo Regulamento de Disciplina Militar (RDM).
Numa iniciativa promovida pela Associação Nacional de Sargentos (ANS), intitulada ‘Operação Carcaça’, milhares de militares por todo o País, segundo avançou a associação, almoçaram ontem fora das messes para uma “jornada de luta e reflexão”. “É vergonhoso o que está a acontecer [nas Forças Armadas].
Numa iniciativa promovida pela Associação Nacional de Sargentos (ANS), intitulada ‘Operação Carcaça’, milhares de militares por todo o País, segundo avançou a associação, almoçaram ontem fora das messes para uma “jornada de luta e reflexão”. “É vergonhoso o que está a acontecer [nas Forças Armadas].
Benfiquices...
Águia Vitória: Para ali, para o sítio por onde o Quique se foi embora, é bom que decores o caminho
Ver passar os comboios...
E, de repente, parece que o Portugal da cauda da Europa, o Portugal das pensões baixas, o Portugal com quase 500 mil desempregados, volta a viver aprisionado numa decisão: vamos, ou não, poder viajar, daqui a uns anitos, a bordo de um cómodo e rápido comboio de alta velocidade? Poderemos nós sobreviver enquanto nação desenvolvida sem este cartão de visita?
Poderá Lisboa ter pujança económica face às suas congéneres europeias se for das poucas capitais da Europa a 27 sem o TGV?
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Depois de Mário Lino ter adiado para a próxima legislatura a assinatura do contrato de concessão, Manuela Ferreira Leite juntou a sua voz à de 28 economistas no repúdio do projecto. Porque, alega a líder do PSD, se trata de uma infra-estrutura megalómana, que não gera emprego e contribui para o endividamento do país.
Já José Sócrates acredita piamente que o TGV vai gerar emprego, investimento e ajudará a alavancar a economia. Estamos, por isso, perante duas escolas de pensamento, dois modelos de desenvolvimento económico do país. Em síntese: quem ganhar as eleições legislativas decide.
.
Só que o comboio já segue veloz de mais para ser parado. Já há concorrentes na corrida com propostas firmadas, já há fundos comunitários cativos. E neste particular a coisa pode ser bicuda: Bruxelas já avisou que o problema de haver ou não TGV é do Governo português, que não está preocupada com "timings", mas que era "importante" que Portugal não ficasse para trás. Mas se ficar, a política de financiamento terá de ser alterada necessariamente.
Ou seja: sem alta velocidade, o Estado português perderá de vista qualquer coisa como 20% de ajudas para um investimento total previsto de 7,5 mil milhões de euros.
.
Mas o TGV, que arrisca transformar-se numa das bandeiras de campanha, não é nem a salvação nem a maldição da economia portuguesa. Nem o PS pode ficar refém deste projecto para projectar o seu ideal de desenvolvimento sustentado nem Manuela Ferreira Leite deve agarrar-se em demasia ao argumentário do endividamento no sentido de se afirmar como alternativa.
Concorde-se ou não com o TGV, não é certamente este o principal drama do país, mas sim as formas para combater a tragédia do desemprego e os problemas na educação, na saúde e na justiça.
Não podemos ficar só a ver passar os comboios.
Pedro Ivo de Carvalho
in JN
Poderá Lisboa ter pujança económica face às suas congéneres europeias se for das poucas capitais da Europa a 27 sem o TGV?
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Depois de Mário Lino ter adiado para a próxima legislatura a assinatura do contrato de concessão, Manuela Ferreira Leite juntou a sua voz à de 28 economistas no repúdio do projecto. Porque, alega a líder do PSD, se trata de uma infra-estrutura megalómana, que não gera emprego e contribui para o endividamento do país.
Já José Sócrates acredita piamente que o TGV vai gerar emprego, investimento e ajudará a alavancar a economia. Estamos, por isso, perante duas escolas de pensamento, dois modelos de desenvolvimento económico do país. Em síntese: quem ganhar as eleições legislativas decide.
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Só que o comboio já segue veloz de mais para ser parado. Já há concorrentes na corrida com propostas firmadas, já há fundos comunitários cativos. E neste particular a coisa pode ser bicuda: Bruxelas já avisou que o problema de haver ou não TGV é do Governo português, que não está preocupada com "timings", mas que era "importante" que Portugal não ficasse para trás. Mas se ficar, a política de financiamento terá de ser alterada necessariamente.
Ou seja: sem alta velocidade, o Estado português perderá de vista qualquer coisa como 20% de ajudas para um investimento total previsto de 7,5 mil milhões de euros.
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Mas o TGV, que arrisca transformar-se numa das bandeiras de campanha, não é nem a salvação nem a maldição da economia portuguesa. Nem o PS pode ficar refém deste projecto para projectar o seu ideal de desenvolvimento sustentado nem Manuela Ferreira Leite deve agarrar-se em demasia ao argumentário do endividamento no sentido de se afirmar como alternativa.
Concorde-se ou não com o TGV, não é certamente este o principal drama do país, mas sim as formas para combater a tragédia do desemprego e os problemas na educação, na saúde e na justiça.
Não podemos ficar só a ver passar os comboios.
Pedro Ivo de Carvalho
in JN
Loiras...
A aluna do primeiro ano primário chega em casa toda eufórica:
- Mamãe, Mamãe! Hoje a professora ensinou a contar de 1 a 10! As meninas aprenderam a contar de 1 a 5 e os meninos de 6 a 10, mas como eu sou uma loira super dotada aprendi a contar de 1 a 10!
- Muito bem - diz a mamãe.
No dia seguinte...
- Mamãe, Mamãe! Hoje a professora ensinou o alfabeto! As meninas aprenderam do A ao M e os meninos do N ao Z, mas como eu sou uma loira super dotada aprendi alfabeto inteiro!
- Muito bem - diz a mamãe.
No dia seguinte...
- Mamãe, Mamãe! Hoje a professora foi nos ensinar a nadar na piscina da escola!
- Que ótimo, minha filha! E como foi?
- Foi legal, mamãe... Eu aprendi a nadar! Mas quando nós fomos trocar de roupa eu notei que todas as meninas tinham uns peitinhos pequenos e eu tinha uns peitões enormes! É porque eu sou uma loira super dotada, mamãe?
- Não, minha filha... É porque você tem 23 anos!
- Mamãe, Mamãe! Hoje a professora ensinou a contar de 1 a 10! As meninas aprenderam a contar de 1 a 5 e os meninos de 6 a 10, mas como eu sou uma loira super dotada aprendi a contar de 1 a 10!
- Muito bem - diz a mamãe.
No dia seguinte...
- Mamãe, Mamãe! Hoje a professora ensinou o alfabeto! As meninas aprenderam do A ao M e os meninos do N ao Z, mas como eu sou uma loira super dotada aprendi alfabeto inteiro!
- Muito bem - diz a mamãe.
No dia seguinte...
- Mamãe, Mamãe! Hoje a professora foi nos ensinar a nadar na piscina da escola!
- Que ótimo, minha filha! E como foi?
- Foi legal, mamãe... Eu aprendi a nadar! Mas quando nós fomos trocar de roupa eu notei que todas as meninas tinham uns peitinhos pequenos e eu tinha uns peitões enormes! É porque eu sou uma loira super dotada, mamãe?
- Não, minha filha... É porque você tem 23 anos!
Alfredo Marceneiro...Foi Fadista...27 anos de saudade...
Alfredo Rodrigues Duarte (25 de Fevereiro de 1891, Lisboa — 26 de Junho de 1982, Lisboa) mais conhecido como Alfredo Marceneiro devido a sua profissão, foi um fadista Português que marcou uma época, detentor de uma voz inconfundível tornando-se um marco deste género da canção em Portugal.
Biografia
Alfredo Marceneiro nasceu na freguesia de Santa Isabel em Lisboa, e foi-lhe posto o nome de baptismo de Alfredo Rodrigues Duarte.Era filho de uma família muito humilde. Com a morte do pai teve que deixar a escola primária. Começou então a trabalhar como aprendiz de encadernador para ajudar o sustento da sua mãe e irmãos.
Desde pequeno, sentia grande atracção para a arte de representar e para a música. Junto com amigos começou a dar os primeiros passos cantando o fado em locais populares começando a ser solicitado pela facilidade que cantava e improvisava a letra das canções.
Um dia, conheceu Júlio Janota, fadista improvisador, de profissão marceneiro que o convenceu a seguir esse ofício que lhe daria mais salário e mais tempo disponível para se dedicar à sua paixão.
Alfredo Marceneiro era um rapaz vaidoso. Andava sempre tão bem vestido que ganhou a alcunha de Alfredo Lulu. Era, também, muito namoradeiro. Apaixonou-se por várias raparigas, chegando a ter filhos com duas delas. As aventuras terminaram quando conheceu Judite, amor que durou até à sua morte e com o qual teve três filhos.
Em 1924, participa no Teatro São Luiz, em Lisboa, na sua primeira Festa do Fado e ganha a medalha de prata num concurso de fados.
Nos anos 30, Alfredo Marceneiro trabalhou nos estaleiros da CUF, onde fazia móveis para navios. Dividia o seu tempo entre as canções e o trabalho. A sua presença nas festas organizadas pelos operários era sempre motivo de alegria.
Em 3 de Janeiro de 1948, foi consagrado o Rei do Fado no Café Luso.
Reformou-se em 1963, após uma carreira recheada de sucessos, numa grande festa de despedida no Teatro São Luiz.
Dos muitos temas que Alfredo Marceneiro cantou destaca-se a Casa da Mariquinha, de autoria do jornalista e poeta Silva Tavares.
Faleceu no dia 26 de Junho de 1982 com 91 anos, na mesma freguesia que o viu nascer.
No dia 10 de Junho de 1984, foi condecorado, a título póstumo, com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique pelo então Presidente da República Portuguesa, General Ramalho Eanes.
Biografia
Alfredo Marceneiro nasceu na freguesia de Santa Isabel em Lisboa, e foi-lhe posto o nome de baptismo de Alfredo Rodrigues Duarte.Era filho de uma família muito humilde. Com a morte do pai teve que deixar a escola primária. Começou então a trabalhar como aprendiz de encadernador para ajudar o sustento da sua mãe e irmãos.
Desde pequeno, sentia grande atracção para a arte de representar e para a música. Junto com amigos começou a dar os primeiros passos cantando o fado em locais populares começando a ser solicitado pela facilidade que cantava e improvisava a letra das canções.
Um dia, conheceu Júlio Janota, fadista improvisador, de profissão marceneiro que o convenceu a seguir esse ofício que lhe daria mais salário e mais tempo disponível para se dedicar à sua paixão.
Alfredo Marceneiro era um rapaz vaidoso. Andava sempre tão bem vestido que ganhou a alcunha de Alfredo Lulu. Era, também, muito namoradeiro. Apaixonou-se por várias raparigas, chegando a ter filhos com duas delas. As aventuras terminaram quando conheceu Judite, amor que durou até à sua morte e com o qual teve três filhos.
Em 1924, participa no Teatro São Luiz, em Lisboa, na sua primeira Festa do Fado e ganha a medalha de prata num concurso de fados.
Nos anos 30, Alfredo Marceneiro trabalhou nos estaleiros da CUF, onde fazia móveis para navios. Dividia o seu tempo entre as canções e o trabalho. A sua presença nas festas organizadas pelos operários era sempre motivo de alegria.
Em 3 de Janeiro de 1948, foi consagrado o Rei do Fado no Café Luso.
Reformou-se em 1963, após uma carreira recheada de sucessos, numa grande festa de despedida no Teatro São Luiz.
Dos muitos temas que Alfredo Marceneiro cantou destaca-se a Casa da Mariquinha, de autoria do jornalista e poeta Silva Tavares.
Faleceu no dia 26 de Junho de 1982 com 91 anos, na mesma freguesia que o viu nascer.
No dia 10 de Junho de 1984, foi condecorado, a título póstumo, com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique pelo então Presidente da República Portuguesa, General Ramalho Eanes.
Alfredo Marceneiro - Cabelo branco é saudade
jueves, 25 de junio de 2009
Ministro Despedido...
O quarto arguido do caso Freeport é o arquitecto Carlos Guerra, gestor de um programa comunitário com verbas para a agricultura. A partir de ontem é também o responsável involuntário pelo despedimento político do ministro da Agricultura.
.
A história é simples e, ao mesmo tempo, uma metáfora arrasadora do estado a que o Governo chegou. Sócrates garantiu no plenário da Assembleia da República que Carlos Guerra havia apresentado a demissão ao ministro da Agricultura na semana passada, este apreciara o gesto e aceitara a demissão.
.
Quase no mesmo instante, nos Passos Perdidos reais ou simbólicos, Jaime Silva garantia aos jornalistas que ainda não falara com Carlos Guerra e que iria "ouvi-lo". Obviamente o ministro da Agricultura estava distraído e não ouviu o que Sócrates disse.
Mas o mais extraordinário é que minutos depois voltou a falar com os jornalistas como se já tivesse arrumado a questão. Aceitara o pedido de exoneração e adiantou mesmo um pormenor ou outro.
.
Extraordinária capacidade de representação! Jaime Silva não se limitou a estragar o bom ‘número’ que Sócrates havia feito no debate ao desarmar uma questão de Paulo Rangel.
A sua ingenuidade levanta a pior nódoa que pode pairar sobre um governo: afinal, quem mentiu? Sócrates? Jaime Silva? Não é irrelevante saber o que aconteceu.
Eduardo Dâmaso
in CM
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A história é simples e, ao mesmo tempo, uma metáfora arrasadora do estado a que o Governo chegou. Sócrates garantiu no plenário da Assembleia da República que Carlos Guerra havia apresentado a demissão ao ministro da Agricultura na semana passada, este apreciara o gesto e aceitara a demissão.
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Quase no mesmo instante, nos Passos Perdidos reais ou simbólicos, Jaime Silva garantia aos jornalistas que ainda não falara com Carlos Guerra e que iria "ouvi-lo". Obviamente o ministro da Agricultura estava distraído e não ouviu o que Sócrates disse.
Mas o mais extraordinário é que minutos depois voltou a falar com os jornalistas como se já tivesse arrumado a questão. Aceitara o pedido de exoneração e adiantou mesmo um pormenor ou outro.
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Extraordinária capacidade de representação! Jaime Silva não se limitou a estragar o bom ‘número’ que Sócrates havia feito no debate ao desarmar uma questão de Paulo Rangel.
A sua ingenuidade levanta a pior nódoa que pode pairar sobre um governo: afinal, quem mentiu? Sócrates? Jaime Silva? Não é irrelevante saber o que aconteceu.
Eduardo Dâmaso
in CM
A Freira e o Beijo....
Uma freira faz sinal para um táxi parar.
Ela entra e o taxista não pára de olhar para ela.
- Por que você me olha assim?
Ele explica:
- Tenho uma coisa para lhe pedir, mas não quero que fique ofendida...
Ela responde:
- Meu filho,sou freira há muito tempo e já vi e ouvi de tudo.Com certeza, não há nada que você possa me dizer ou pedir que eu ache ofensivo
.- Sabe, é que eu sempre tive na cabeça uma fantasia de ser beijado na boca por uma freira...
A freira:
- Bem, vamos ver o que é que eu posso fazer por você:Primeiro, você tem que ser solteiro, do belenenses e também católico.
O taxista fica entusiasmado:
- Sim, sou solteiro, do Belenenses desde criança e até sou católico também!
A freira olha pela janela do táxi e diz:
- Então, pare o carro ali na próxima travessa.
O carro para na travessa e a freira satisfaz a velha fantasia do taxista com um belo beijo na boca.
Mas, quando continuam para o destino, o taxista começa a chorar.
- Meu filho, diz a freira, porque estás a chorar?
- Perdoe-me Irmã, mas confesso que menti: sou casado, do Sporting e sou protestante, mas sou muito garanhão ...
A freira conforta-o:
- Não faz mal. Eu também estou a caminho de um baile de máscaras, chamo-me Alfredo... sou uma ganda bichona e claro ... sou do Benfica (*) !!!....
Ela entra e o taxista não pára de olhar para ela.
- Por que você me olha assim?
Ele explica:
- Tenho uma coisa para lhe pedir, mas não quero que fique ofendida...
Ela responde:
- Meu filho,sou freira há muito tempo e já vi e ouvi de tudo.Com certeza, não há nada que você possa me dizer ou pedir que eu ache ofensivo
.- Sabe, é que eu sempre tive na cabeça uma fantasia de ser beijado na boca por uma freira...
A freira:
- Bem, vamos ver o que é que eu posso fazer por você:Primeiro, você tem que ser solteiro, do belenenses e também católico.
O taxista fica entusiasmado:
- Sim, sou solteiro, do Belenenses desde criança e até sou católico também!
A freira olha pela janela do táxi e diz:
- Então, pare o carro ali na próxima travessa.
O carro para na travessa e a freira satisfaz a velha fantasia do taxista com um belo beijo na boca.
Mas, quando continuam para o destino, o taxista começa a chorar.
- Meu filho, diz a freira, porque estás a chorar?
- Perdoe-me Irmã, mas confesso que menti: sou casado, do Sporting e sou protestante, mas sou muito garanhão ...
A freira conforta-o:
- Não faz mal. Eu também estou a caminho de um baile de máscaras, chamo-me Alfredo... sou uma ganda bichona e claro ... sou do Benfica (*) !!!....
Bento de Jesus Caraça...foi Matemático e Opositor ao regime de Salazar...
Bento de Jesus Caraça (Vila Viçosa, 18 de Abril de 1901 — Lisboa, 25 de Junho de 1948) foi um matemático português, resistente antifascista e militante do Partido Comunista Português.
Biografia
Licenciou-se em 1923, no Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras (actual ISEG).
Em 1936 funda o Núcleo de Matemática, Física e Química juntamente com outros recém doutorados nas áreas da matemática e física.
Em 1938, com os professores Mira Fernandes e Beirão da Veiga, funda o Centro de Estudos de Matemáticas Aplicadas à Economia, que dirigiu até Outubro de 1946, ano da sua extinção pelo Governo.
Em 1940, com os professores António Monteiro, Hugo Ribeiro, José da Silva Paulo e Manuel Zaluar criou a Gazeta de Matemática.
Em 1941 cria a “Biblioteca Cosmos”, para edição de livros de divulgação científica e cultural, a qual publicou 114 livros, com uma tiragem global de 793 500 exemplares.
Em 1946 é preso pela PIDE e, em Outubro desse mesmo ano, demitido do lugar de professor catedrático do ISCEF.
Colaborou também nas revistas Técnica, Gazeta da Matemática, Seara Nova, Vértice e Revista de Economia.
Em 1943 torna-se presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática.
Faleceu em Lisboa, no dia 25 de Junho de 1948, vítima de doença cardíaca.
Livros publicados
1930 Interpolação e Integração Numérica.
1933 A Cultura Integral do Indivíduo - Problema central do nosso tempo, onde escreve um programa de intervenção cultural, científica e pedagógica.
1935 Lições da Álgebra e Análise.
1937 Cálculo Vectorial.
1941 Conceitos Fundamentais da Matemática.
Biografia
Licenciou-se em 1923, no Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras (actual ISEG).
Em 1936 funda o Núcleo de Matemática, Física e Química juntamente com outros recém doutorados nas áreas da matemática e física.
Em 1938, com os professores Mira Fernandes e Beirão da Veiga, funda o Centro de Estudos de Matemáticas Aplicadas à Economia, que dirigiu até Outubro de 1946, ano da sua extinção pelo Governo.
Em 1940, com os professores António Monteiro, Hugo Ribeiro, José da Silva Paulo e Manuel Zaluar criou a Gazeta de Matemática.
Em 1941 cria a “Biblioteca Cosmos”, para edição de livros de divulgação científica e cultural, a qual publicou 114 livros, com uma tiragem global de 793 500 exemplares.
Em 1946 é preso pela PIDE e, em Outubro desse mesmo ano, demitido do lugar de professor catedrático do ISCEF.
Colaborou também nas revistas Técnica, Gazeta da Matemática, Seara Nova, Vértice e Revista de Economia.
Em 1943 torna-se presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática.
Faleceu em Lisboa, no dia 25 de Junho de 1948, vítima de doença cardíaca.
Livros publicados
1930 Interpolação e Integração Numérica.
1933 A Cultura Integral do Indivíduo - Problema central do nosso tempo, onde escreve um programa de intervenção cultural, científica e pedagógica.
1935 Lições da Álgebra e Análise.
1937 Cálculo Vectorial.
1941 Conceitos Fundamentais da Matemática.
miércoles, 24 de junio de 2009
No mundo do ensino...
No mundo ideal devíamos andar contentes. Os técnicos do Ministério da Educação que elaboraram os exames de Matemática do 9º ano, por exemplo, acreditam nisso e gostariam que vivêssemos nesse mundo.
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O mundo não está para exigências suplementares nem para construirmos a 'excelência' sobre os escombros do Ensino Básico. A Matemática lá se há de fazer. Devagar. E o Português também. E o que vier. O Ministério, coitado, enfrenta uma série de gente zangada com o mundo e que protesta sempre nesta altura dos exames. São uns chatos, uns aborrecidos.
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O que importa é desenrascar, ir fazendo, ter bom aproveitamento, passar de ano, engordar a felicidade das estatísticas. Daqui a um mês, os resultados vão aparecer, luminosos e positivos. O que eles são, senhora ministra, é uns invejosos.
Francisco José Viegas
in CM
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O mundo não está para exigências suplementares nem para construirmos a 'excelência' sobre os escombros do Ensino Básico. A Matemática lá se há de fazer. Devagar. E o Português também. E o que vier. O Ministério, coitado, enfrenta uma série de gente zangada com o mundo e que protesta sempre nesta altura dos exames. São uns chatos, uns aborrecidos.
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O que importa é desenrascar, ir fazendo, ter bom aproveitamento, passar de ano, engordar a felicidade das estatísticas. Daqui a um mês, os resultados vão aparecer, luminosos e positivos. O que eles são, senhora ministra, é uns invejosos.
Francisco José Viegas
in CM
Sócrates e uma mosca num estúdio de televisão...
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Se uma mosca tivesse irrompido pelos estúdios da SIC durante a entrevista a José Sócrates, será que o primeiro-ministro a teria despachado à pancada com um "toma lá, sacana" ou, pelo contrário, produziria uma ode à mãe natureza a louvar a diversidade dos seres vivos?
Nesta altura do campeonato, eu aposto na ode. Infelizmente, como tão bem explica o dr. House, as pessoas não mudam. Um lobo pode vestir a pele do cordeiro mas continua a gostar de carne.
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Da fama de autoritário e arrogante Sócrates já não se safa - e só mesmo com uma certa candura é que alguém pode achar que o seu principal problema é zangar-se muito e fazer cara de mau.
Eu até sou daqueles que acham que o carácter de um político é o seu mais valioso património. Mais depressa voto em alguém que entendo ter as capacidades e a personalidade certas para o desempenho do cargo de primeiro-ministro do que num qualquer programa eleitoral, por mais atinado e engenhoso que ele seja. Mas também não vale a pena exagerar na dedicação ao timoneiro. O País anda há uma semana a analisar o "novo Sócrates", com profundas reflexões sobre a queda dos decibéis, a milagrosa multiplicação da palavra "humildade" e o seu novo olhar de carneirinho mal morto.
Eu até sou daqueles que acham que o carácter de um político é o seu mais valioso património. Mais depressa voto em alguém que entendo ter as capacidades e a personalidade certas para o desempenho do cargo de primeiro-ministro do que num qualquer programa eleitoral, por mais atinado e engenhoso que ele seja. Mas também não vale a pena exagerar na dedicação ao timoneiro. O País anda há uma semana a analisar o "novo Sócrates", com profundas reflexões sobre a queda dos decibéis, a milagrosa multiplicação da palavra "humildade" e o seu novo olhar de carneirinho mal morto.
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Mas mesmo que Sócrates pareça um daqueles homens cuja traição acabou de ser descoberta pela mulher e que agora está a fazer tudo para salvar o casamento, reduzir a discussão política a uma inflexão vocal é, digamos assim, um bocadinho redutor.
Quase todos os colunistas atribuíram a derrota de Sócrates à crise e desvalorizaram o impacto dos sucessivos casos em que ele foi sendo envolvido. Não subscrevo tal tese.
Quase todos os colunistas atribuíram a derrota de Sócrates à crise e desvalorizaram o impacto dos sucessivos casos em que ele foi sendo envolvido. Não subscrevo tal tese.
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Parece-me evidente que o acumular de trapalhadas lhe provocou um enorme desgaste e que o caso Freeport foi a gota que fez transbordar o copo na cabeça de muita gente.
A sua estratégia de vitimização e pontapé para canto transformou aquilo que antes era encarado como uma qualidade (teimoso e autoritário porque convicto e persistente) num inabalável defeito (teimoso e autoritário porque arrogante e prepotente).
Mais grave do que isso: Sócrates aceitou que uma suspeita pessoal fosse encarada como um ataque a todo o Governo, com vários dos seus ministros - Pedro Silva Pereira e Augusto Santos Silva à cabeça - a saírem em sua defesa de forma canina e completamente desproporcionada.
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A partir daí, claro, a arrogância já não era só de Sócrates - ela estendia-se a todo o Governo. E a sensação de estar apenas rodeado de yes men acentuou-se. Como é evidente, isto é muito mais do que um problema de estilo. Isto é o coração da maneira socrática de fazer política. Mudar de cara, ainda vá. Mas de alma?
João Miguel Tavares
in DN
Alta velocidade eleitoral...
Está encontrado o tema central da campanha para as eleições legislativas: a alta velocidade ferroviária, vulgo TGV. Consciente dum sentimento geral de oposição ao projecto, Manuela Ferreira Leite, por táctica ou convicção, parece decidida a opor-se à alta velocidade ferroviária. E ainda bem.
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A construção do TGV, que orça em valores da ordem dos 15 mil milhões de euros, irá comprometer orçamentos de estado para três gerações. Estes gastos, feitos num país pobre, não fazem qualquer sentido. Seria como se um cidadão que andasse descalço e roto pretendesse comprar um Rolls Royce.
O TGV não apresenta nenhum dos requisitos mínimos a que deve submeter-se uma qualquer obra pública. Não é economicamente viável, o investimento jamais se recupera e a exploração comercial é muito deficitária. Não induz sequer criação de riqueza. Acresce que o TGV retalhará o território, dividindo aldeias e criando barreiras entre localidades. Seria o maior atentado ao território, em particular no norte densamente povoado. Por último, nem sequer é aceitável do ponto de vista da coesão social, pois só uma ínfima minoria irá utilizar este transporte.
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E, no entanto, José Sócrates persiste neste disparate. Ao pretender desbaratar os nossos impostos neste elefante branco, o primeiro-ministro surge agora aos olhos da opinião pública como o coveiro da economia portuguesa. Tenta justificar o TGV como projecto estratégico, mas tem do seu lado apenas o apoio do grande capital - da alta finança, que pretende negociar empréstimos sem risco, e das maiores construtoras, que dominam a política portuguesa.
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Será pois este o tema das eleições. Que o PSD ganhará, se conseguir convencer o eleitorado de que, no governo, abandona a alta velocidade ferroviária. Tal não será fácil, pois Ferreira Leite tem um problema de credibilidade, já que foi figura central desse governo de Durão Barroso que anunciou baixar os impostos e aumentou o IVA, que garantiu abandonar a construção do aeroporto da Ota e foi o principal responsável pela sua concepção. Tem ainda um terrível calcanhar de Aquiles: alguns dos membros da direcção nacional do PSD estão altamente comprometidos, enquanto advogados, com os interesses ligados ao TGV.
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Não será pois fácil a tarefa da presidente do PSD. Até porque sempre é mais fácil acreditar que Sócrates faz o TGV; do que fazer fé na coerência e determinação de Manuela Ferreira Leite, quando promete que o não faz.
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A construção do TGV, que orça em valores da ordem dos 15 mil milhões de euros, irá comprometer orçamentos de estado para três gerações. Estes gastos, feitos num país pobre, não fazem qualquer sentido. Seria como se um cidadão que andasse descalço e roto pretendesse comprar um Rolls Royce.
O TGV não apresenta nenhum dos requisitos mínimos a que deve submeter-se uma qualquer obra pública. Não é economicamente viável, o investimento jamais se recupera e a exploração comercial é muito deficitária. Não induz sequer criação de riqueza. Acresce que o TGV retalhará o território, dividindo aldeias e criando barreiras entre localidades. Seria o maior atentado ao território, em particular no norte densamente povoado. Por último, nem sequer é aceitável do ponto de vista da coesão social, pois só uma ínfima minoria irá utilizar este transporte.
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E, no entanto, José Sócrates persiste neste disparate. Ao pretender desbaratar os nossos impostos neste elefante branco, o primeiro-ministro surge agora aos olhos da opinião pública como o coveiro da economia portuguesa. Tenta justificar o TGV como projecto estratégico, mas tem do seu lado apenas o apoio do grande capital - da alta finança, que pretende negociar empréstimos sem risco, e das maiores construtoras, que dominam a política portuguesa.
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Será pois este o tema das eleições. Que o PSD ganhará, se conseguir convencer o eleitorado de que, no governo, abandona a alta velocidade ferroviária. Tal não será fácil, pois Ferreira Leite tem um problema de credibilidade, já que foi figura central desse governo de Durão Barroso que anunciou baixar os impostos e aumentou o IVA, que garantiu abandonar a construção do aeroporto da Ota e foi o principal responsável pela sua concepção. Tem ainda um terrível calcanhar de Aquiles: alguns dos membros da direcção nacional do PSD estão altamente comprometidos, enquanto advogados, com os interesses ligados ao TGV.
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Não será pois fácil a tarefa da presidente do PSD. Até porque sempre é mais fácil acreditar que Sócrates faz o TGV; do que fazer fé na coerência e determinação de Manuela Ferreira Leite, quando promete que o não faz.
Paulo Morais
in JN
Anjo feroz...
Não há como uma derrota eleitoral para que os políticos desçam à terra. A aterragem forçada tem efeitos psicológicos devastadores, estando na origem de comportamentos políticos imprevisíveis e, por isso mesmo, surpreendentes.
Quando perdeu as autárquicas de 2001, António Guterres teve uma revelação. Descobriu o pântano, arrumou as malas e foi para casa. Dois anos depois aconteceu a mesma desgraça a Durão Barroso, nas eleições europeias. Com a rapidez que o caracteriza, entendeu os sinais e zarpou para Bruxelas.
O choque com a realidade, ou seja, com a derrota nas urnas, teve um efeito diferente em José Sócrates. Ganhou asas. De animal feroz transformou-se, por artes mágicas, num anjo político. Feroz, mas anjo. Arrependido, humilde, compreensivo. Não há dúvida que a democracia faz milagres. Esta extraordinária mudança levanta uma dúvida: como é que um político pode ser em quatro meses o que não foi em quatro anos? E qual é o verdadeiro? O determinado da primeira fase, ou o arrependido da segunda? Será que entre os dois personagens só há de comum o nome? Os portugueses vão andar baralhados nos próximos tempos.
Esta súbita mudança tem consequências práticas. Já sabíamos que o país estará em campanha eleitoral nos próximos quatro meses. Ficámos agora a saber que, além de parado, o país poderá assistir à revisão de muitas das políticas do actual Governo. Ou seja, entrámos no eleitoralismo puro e simples.
O primeiro sinal foi o adiamento do TGV. Medida acertada. Mas que é tomada, não por convicção mas por táctica. Outra foi o anúncio da morte da avaliação dos professores. Não por arrependimento genuíno, mas porque o PS perdeu o voto dos professores. E é só o princípio. Quatro anos de governação serão atirados para o lixo em quatro meses, em tudo o que for impopular. Alguns ministros desaparecerão do mapa, na impossibilidade de fazer uma remodelação. O Governo será José Sócrates. Até Outubro vai ser uma farra. Depois, ai de quem vier. O país chegará lá exaurido, mais pobre, endividado e sem estratégia. Os sinais são alarmantes, qualquer que seja o indicador que se analise.
O problema dos políticos quando estão no poder é só descobrirem a realidade tarde de mais. Foi assim com Guterres, com Barroso e agora com Sócrates. O problema é que eles vão e o país fica. E fica com os problemas de sempre por resolver.
Luis Marques
in Expresso
Quando perdeu as autárquicas de 2001, António Guterres teve uma revelação. Descobriu o pântano, arrumou as malas e foi para casa. Dois anos depois aconteceu a mesma desgraça a Durão Barroso, nas eleições europeias. Com a rapidez que o caracteriza, entendeu os sinais e zarpou para Bruxelas.
O choque com a realidade, ou seja, com a derrota nas urnas, teve um efeito diferente em José Sócrates. Ganhou asas. De animal feroz transformou-se, por artes mágicas, num anjo político. Feroz, mas anjo. Arrependido, humilde, compreensivo. Não há dúvida que a democracia faz milagres. Esta extraordinária mudança levanta uma dúvida: como é que um político pode ser em quatro meses o que não foi em quatro anos? E qual é o verdadeiro? O determinado da primeira fase, ou o arrependido da segunda? Será que entre os dois personagens só há de comum o nome? Os portugueses vão andar baralhados nos próximos tempos.
Esta súbita mudança tem consequências práticas. Já sabíamos que o país estará em campanha eleitoral nos próximos quatro meses. Ficámos agora a saber que, além de parado, o país poderá assistir à revisão de muitas das políticas do actual Governo. Ou seja, entrámos no eleitoralismo puro e simples.
O primeiro sinal foi o adiamento do TGV. Medida acertada. Mas que é tomada, não por convicção mas por táctica. Outra foi o anúncio da morte da avaliação dos professores. Não por arrependimento genuíno, mas porque o PS perdeu o voto dos professores. E é só o princípio. Quatro anos de governação serão atirados para o lixo em quatro meses, em tudo o que for impopular. Alguns ministros desaparecerão do mapa, na impossibilidade de fazer uma remodelação. O Governo será José Sócrates. Até Outubro vai ser uma farra. Depois, ai de quem vier. O país chegará lá exaurido, mais pobre, endividado e sem estratégia. Os sinais são alarmantes, qualquer que seja o indicador que se analise.
O problema dos políticos quando estão no poder é só descobrirem a realidade tarde de mais. Foi assim com Guterres, com Barroso e agora com Sócrates. O problema é que eles vão e o país fica. E fica com os problemas de sempre por resolver.
Luis Marques
in Expresso
Maria da Fé...50 anos de Fé no fado...
Celebra 50 anos de carreira a 25 e 26 nos coliseus de Lisboa e Porto, mas a sua vida são as casas de fado. No Porto nasceu Maria da Conceição e Lisboa baptizou-a Maria da Fé. Tinha 18 anos, hoje tem 64. Prometeu cantar até que a voz lhe doa. Mas só dói o fado
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Maria da Fé - Cantarei até que a voz me doa
489 mil desempregados inscritos no IEFP...
No final do mês de Maio de 2009, estavam inscritos 489.115 desempregados no Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP). Mais 105.758 pessoas que no final de Maio de 2008 e menos 2.520 que no final do mês anterior (Abril de 2009). A subida em relação a Maio de 2008 é de 27,6%, representando a maior subida desde 2003 e superando a do final de Abril em relação ao período homólogo que fora de 27,3%.
O número de desempregados inscritos no IEFP cresceu em todas as regiões em relação a Maio de 2008. Note-se que o número de desempregados inscritos no IEFP é sempre bem inferior ao número real de desempregados. (Leia Desempregados já são mais de 600 mil)
O maior crescimento relativo deu-se no Algarve, mais 82% do que há um ano.
A região mais atingida pelo desemprego é o Norte do país com 214.457 inscritos no IEFP, mais 25,4% do que em Maio de 2008 e representado 43,8% do total do país.
O número de desempregados aumentou em todos os níveis de habilitação escolar, em relação ao período homólogo de 2008.
O número de desempregados licenciados inscritos no IEFP no final de mês passado era de 38.891, mais 11,9% do que em Maio de 2008.
O principal motivo para a inscrição como desempregados é o "fim de trabalho não permanente", 38% das inscrições efectuadas, mais 34,5% do que há um ano.
O número de desempregados inscritos no IEFP cresceu em todas as regiões em relação a Maio de 2008. Note-se que o número de desempregados inscritos no IEFP é sempre bem inferior ao número real de desempregados. (Leia Desempregados já são mais de 600 mil)
O maior crescimento relativo deu-se no Algarve, mais 82% do que há um ano.
A região mais atingida pelo desemprego é o Norte do país com 214.457 inscritos no IEFP, mais 25,4% do que em Maio de 2008 e representado 43,8% do total do país.
O número de desempregados aumentou em todos os níveis de habilitação escolar, em relação ao período homólogo de 2008.
O número de desempregados licenciados inscritos no IEFP no final de mês passado era de 38.891, mais 11,9% do que em Maio de 2008.
O principal motivo para a inscrição como desempregados é o "fim de trabalho não permanente", 38% das inscrições efectuadas, mais 34,5% do que há um ano.
in Esquerda.net
Como era bom !!!...A vida ao contrário...
A coisa mais injusta na vida é a maneira como ela acaba.
A nossa existência deveria justamente começar pela morte.
Os primeiros anos seriam passados num lar de terceira idade, até sermos expulsos por sermos novos de mais.
Alguém nos oferecia um relogio de ouro e um Ferrari e iamos pegar no trabalho durante quarenta anos, até sermos suficientemente novos para nos reformarmos.
Então desatavamos a experimentar drogas leves, alcool e muito sexo até ficarmos miudos.
Nessa altura poderiamos começar a brincar todo o dia e a gozar o facto de não termos qualquer responsabilidade. Finalmente, chegados a bébés, voltavamos para o conforto da barriga da mãe, gozavamos um magnifico banho de imersão durante nove meses e...
acabavamos com um orgasmo...!!!
A nossa existência deveria justamente começar pela morte.
Os primeiros anos seriam passados num lar de terceira idade, até sermos expulsos por sermos novos de mais.
Alguém nos oferecia um relogio de ouro e um Ferrari e iamos pegar no trabalho durante quarenta anos, até sermos suficientemente novos para nos reformarmos.
Então desatavamos a experimentar drogas leves, alcool e muito sexo até ficarmos miudos.
Nessa altura poderiamos começar a brincar todo o dia e a gozar o facto de não termos qualquer responsabilidade. Finalmente, chegados a bébés, voltavamos para o conforto da barriga da mãe, gozavamos um magnifico banho de imersão durante nove meses e...
acabavamos com um orgasmo...!!!
Brasil...Joaquim Manuel de Macedo...foi Escritor...
Joaquim Manuel de Macedo (Itaboraí, 24 de junho de 1820 — Rio de Janeiro, 11 de abril de 1882) foi um médico e escritor brasileiro.
Biografia
Em 1844, Joaquim Manuel de Macedo, formou-se em Medicina no Rio de Janeiro, e no mesmo ano estreou na literatura com a publicação daquele que viria a ser seu romance mais conhecido, "A Moreninha", que lhe deu fama e fortuna imediatas.
Além de médico, Macedo foi jornalista, professor de Geografia e História do Brasil no Colégio Pedro II, e sócio fundador, secretário e orador do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, desde 1845. Em 1849, fundou, juntamente com Gonçalves Dias e Araújo Porto-Alegre, a revista Guanabara, que publicou grande parte do seu poema-romance A nebulosa — considerado por críticos como um dos melhores do Romantismo. Foi membro do Conselho Diretor da Instrução Pública da Corte (1866).
Abandonou a medicina e criou uma forte ligação com Dom Pedro II e com a Família Imperial Brasileira, chegando a ser preceptor e professor dos filhos da Princesa Isabel.
Macedo também atuou decisivamente na política, tendo militado no Partido Liberal, servindo-o com lealdade e firmeza de princípios, como o provam seus discursos parlamentares, conforme relatos da época. Durante a sua militância política foi deputado provincial (1850, 1853, 1854-59) e deputado geral (1864-1868 e 1873-1881).
Nos últimos anos de vida padeceu de problemas mentais, morrendo pouco antes de completar 62 anos.
Obra
Nas letras, Joaquim Manuel de Macedo foi romancista, poeta, cronista literário e dramaturgo. Sua obra é extensa e fez grande sucesso na época. Havia, entre os críticos, o argumento de que ele abusou sentimentalismo muito ao gosto popular, daí seu enorme sucesso de público. Os críticos, entretanto, não negam que Macedo foi cronista aberto e analítico do Rio de Janeiro do final do Império.
Sua grande importância literária está no fato de ser considerado um dos fundadores do romance no Brasil e, certamente, um dos principais responsáveis pela criação do teatro no Brasil. "A Moreninha" certamente foi a primeira obra da Literatura Brasileira a alcançar êxito de público e é um dos marcos do Romantismo no Brasil.
Lançado em 1844, "A Moreninha" é tido como o primeiro romance publicado no país, embora tenha sido precedido por "O Filho do Pescador", de Teixeira e Sousa, que, entretanto, é tido como uma obra menor, desenvolvida a partir de um enredo pouco articulado e confuso.
"A Moreninha" constituiu-se numa pequena revolução literária no Brasil imperial, inaugurando o romance brasileiro, e é até hoje é reeditado com relativo sucesso e ainda é lido com prazer. Estudiosos da obra macediana observam que a protagonista do romance, Carolina, é uma clara alusão à personalidade e ao comportamento de Maria Catarina de Abreu Sodré, sua esposa e prima-irmã do poeta Álvares de Azevedo.
Em sua obra, Joaquim Manuel de Macedo descreve com linguagem simples e raro senso de observação os usos e costumes da sociedade carioca de seu tempo, e a vida familiar e privada daquela época, quando o país ainda estava nas primeiras décadas de sua independência.
Na sua obra teatral, Macedo preocupou-se antes com a pintura realista do ambiente social, cultural, político e econômico da sua época do que com o universo psicológico dos seus personagens. Seus dramas, escritos em verso, são artificiais e afetados, suas comédias, porém, são importantes documentos dos costumes da sociedade carioca da época.
Além de "A Moreninha", Macedo escreveu ainda outros dezessete romances, dezesseis peças de teatro e um livro de contos
Biografia
Em 1844, Joaquim Manuel de Macedo, formou-se em Medicina no Rio de Janeiro, e no mesmo ano estreou na literatura com a publicação daquele que viria a ser seu romance mais conhecido, "A Moreninha", que lhe deu fama e fortuna imediatas.
Além de médico, Macedo foi jornalista, professor de Geografia e História do Brasil no Colégio Pedro II, e sócio fundador, secretário e orador do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, desde 1845. Em 1849, fundou, juntamente com Gonçalves Dias e Araújo Porto-Alegre, a revista Guanabara, que publicou grande parte do seu poema-romance A nebulosa — considerado por críticos como um dos melhores do Romantismo. Foi membro do Conselho Diretor da Instrução Pública da Corte (1866).
Abandonou a medicina e criou uma forte ligação com Dom Pedro II e com a Família Imperial Brasileira, chegando a ser preceptor e professor dos filhos da Princesa Isabel.
Macedo também atuou decisivamente na política, tendo militado no Partido Liberal, servindo-o com lealdade e firmeza de princípios, como o provam seus discursos parlamentares, conforme relatos da época. Durante a sua militância política foi deputado provincial (1850, 1853, 1854-59) e deputado geral (1864-1868 e 1873-1881).
Nos últimos anos de vida padeceu de problemas mentais, morrendo pouco antes de completar 62 anos.
Obra
Nas letras, Joaquim Manuel de Macedo foi romancista, poeta, cronista literário e dramaturgo. Sua obra é extensa e fez grande sucesso na época. Havia, entre os críticos, o argumento de que ele abusou sentimentalismo muito ao gosto popular, daí seu enorme sucesso de público. Os críticos, entretanto, não negam que Macedo foi cronista aberto e analítico do Rio de Janeiro do final do Império.
Sua grande importância literária está no fato de ser considerado um dos fundadores do romance no Brasil e, certamente, um dos principais responsáveis pela criação do teatro no Brasil. "A Moreninha" certamente foi a primeira obra da Literatura Brasileira a alcançar êxito de público e é um dos marcos do Romantismo no Brasil.
Lançado em 1844, "A Moreninha" é tido como o primeiro romance publicado no país, embora tenha sido precedido por "O Filho do Pescador", de Teixeira e Sousa, que, entretanto, é tido como uma obra menor, desenvolvida a partir de um enredo pouco articulado e confuso.
"A Moreninha" constituiu-se numa pequena revolução literária no Brasil imperial, inaugurando o romance brasileiro, e é até hoje é reeditado com relativo sucesso e ainda é lido com prazer. Estudiosos da obra macediana observam que a protagonista do romance, Carolina, é uma clara alusão à personalidade e ao comportamento de Maria Catarina de Abreu Sodré, sua esposa e prima-irmã do poeta Álvares de Azevedo.
Em sua obra, Joaquim Manuel de Macedo descreve com linguagem simples e raro senso de observação os usos e costumes da sociedade carioca de seu tempo, e a vida familiar e privada daquela época, quando o país ainda estava nas primeiras décadas de sua independência.
Na sua obra teatral, Macedo preocupou-se antes com a pintura realista do ambiente social, cultural, político e econômico da sua época do que com o universo psicológico dos seus personagens. Seus dramas, escritos em verso, são artificiais e afetados, suas comédias, porém, são importantes documentos dos costumes da sociedade carioca da época.
Além de "A Moreninha", Macedo escreveu ainda outros dezessete romances, dezesseis peças de teatro e um livro de contos
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Canto V - A Mãe
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Mas é noite; em seu manto de papoulas
A's donzelas acolhe um brando sono.
Em vasta sala que as janelas abre
Para o remanso de escolhidas flores,
Descansa a Peregrina; em doces ondas
De perfumes fagueiras vêm as auras
Brincar com as telas de virgíneo leito;
Da mãe de Deus a imagem sacrossanta
Em áureo quadro à cabeceira pende
Dorme feliz a cândida donzela,
E das roupas finíssimas e brancas
Sob as quais lindas formas se desenham,
Um colo, que no alvor supera a neve,
E um rosto divinal surgem formosos,
Onde estão os encantos pululando
Através das madeixas atrevidas,
Que soltas vão pousar no seio e face,
Nublando graças que paixões acendem.
Um braço nu, que das cobertas foge,
Tipo de perfeição meigo se dobra,
As telas conchegando ao níveo seio,
Instinto de pudor, inda no sono.
D'uma janela aos zéfiros aberta
Vê-se no Céu a lua, e a lua afável
De luz derrama enchentes sobre o leito,
Contemplando, qual anjo adormecido,
Imersa a Peregrina em seus fulgores.
(in A Nebulosa)
martes, 23 de junio de 2009
Portugueses...
Os portugueses tornaram-se mimados, pouco tolerantes com as contrariedades e incapazes de aceitar a mínima rejeição – e violentos, em consequência. Antes de se suicidar, um homem mata a sua família porque "não aceita o divórcio".
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Por causa de um jogo de futebol, dois miúdos esfaquearam-se e o bairro inteiro recebe a polícia à pedrada. Um ex-marido matou o novo namorado da ex--mulher "por não aguentar a situação". Um estudante universitário matou a namorada "porque ela o rejeitou".
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São notícias que vêm nas páginas de crime, é verdade, mas ajudam a pintar o retrato de um país que perdeu o pai, não reconhece a autoridade, teme as dificuldades, desconfia das instituições, muda conforme a onda e desculpa-se com dissimulação abjeta.
É um país moderno, arrogante e empobrecido.
Francisco José Viegas
in CM
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Por causa de um jogo de futebol, dois miúdos esfaquearam-se e o bairro inteiro recebe a polícia à pedrada. Um ex-marido matou o novo namorado da ex--mulher "por não aguentar a situação". Um estudante universitário matou a namorada "porque ela o rejeitou".
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São notícias que vêm nas páginas de crime, é verdade, mas ajudam a pintar o retrato de um país que perdeu o pai, não reconhece a autoridade, teme as dificuldades, desconfia das instituições, muda conforme a onda e desculpa-se com dissimulação abjeta.
É um país moderno, arrogante e empobrecido.
Francisco José Viegas
in CM
Milagre...
Esta coisa da humildade está a dar resultado. Os comentaristas comentam, os analistas analisam, os entrevistadores entrevistam e…nem uma palavra sobre o Freeport.
O choque e espanto causado ao país pela súbita decisão do primeiro-ministro de passar a ser humilde ofuscou para planos remotos todas as outras questões definidoras de carácter em que ele está envolvido.
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Que interessa o Freeport e Lopes da Mota, a licenciatura e as casas compradas a offshore, os primos e o DVD, quando temos em mão um prodígio que rivaliza com as aparições mais miraculosas? Sócrates teve agora a sua epifania. Foi preciso o pior resultado eleitoral na história do PS para a revelar, mas aí está. Morreu o Animal Feroz, viva o Animal Domesticado.
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Aleluia, que nasceu o novo homem, doce, cordato, simpático, sereno. "Hossana" grita o país em coro, maravilhado com o testemunho de humildade franciscana que agora transborda das suas comunicações e que, qual aura de beatitude, se está a alastrar, comunicando-se a fiéis e a infiéis, a jornalistas e políticos. Santos Silva, Silva Pereira e Luís Paixão Martins olham-no embevecidos e murmuram: "É tão humilde, não é?".
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Do sector privado ao público, do gentio da fértil OTA aos nómadas de Alcochete, todos dão graças como no "Sermão da montanha"; "Bem-aventurados os mansos pois herdarão a terra" ouve-se em coro quando o povo sobressaltado vê que o Animal Feroz partiu e em seu lugar serpenteia a mansidão dialogante. Estava tudo previsto. Foi inspiração súbita que levou os técnicos da assessoria de imagem a ter o ímpeto de correr para o Antigo Testamento e parar, siderados, em Isaías 65:25 onde se lê claramente: "E o lobo e o cordeiro pastarão juntos (em longas entrevistas, subentende-se) e o leão comerá palha como o jumento e (subentende-se) não haverá mais cenas embaraçosas".
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Nem no Parlamento. Nem à saída da Comissão Política. Nem quando o mais humilde dos repórteres abordar o novo José Sócrates e lhe perguntar se o haver mais um arguido no seu staff próximo é mau para ele, e o novo Sócrates, sorrindo docemente, responder: "Desculpe. Ser arguido é bom. Eu acho que todo o meu staff devia ser arguido." De facto, a diferença é tão abissal que já nem precisamos de eleições. Já mudámos de governante. Ou melhor ainda. O governante mudou-se a si mesmo. Acabou-se o vociferante Orlando Furioso de Ariosto, destruído em autocombustão purificadora entre frémitos coléricos no Parlamento e estertores catárticos em estúdios de TV. Ficou-nos o Orlando Enamorato de Boiardo, suave, sério, intenso e sempre, sempre, terno.
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Como é que podemos cometer o sacrilégio de ir buscar as turvas águas do sapal de Alcochete para enlamear o renascimento? Os vendilhões já foram escorraçados do templo. Fica-nos a nova era e a nova imagem que vai ser construída por santos profetas milagreiros, que já produziram santos milagres em África, onde Santos, em poucos dias e alguns milhões de petrodólares e gemas de sangue, passou de ditador a santificado líder eleito. Se conseguiram fazer isto, convencendo os africanos junto ao Equador que era preciso usar um grosso cachecol de lã com as cores do MPLA em pleno Verão Austral, como é que não hão-de convencer os portugueses a quem a fé nunca faltou nesta terra de prodígios?
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Ontem foi em Fátima, hoje é na Comissão Política do PS e nas Novas Fronteiras e em Portugal, sempre houve crentes e crédulos.
Mário Crespo
in JN
O choque e espanto causado ao país pela súbita decisão do primeiro-ministro de passar a ser humilde ofuscou para planos remotos todas as outras questões definidoras de carácter em que ele está envolvido.
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Que interessa o Freeport e Lopes da Mota, a licenciatura e as casas compradas a offshore, os primos e o DVD, quando temos em mão um prodígio que rivaliza com as aparições mais miraculosas? Sócrates teve agora a sua epifania. Foi preciso o pior resultado eleitoral na história do PS para a revelar, mas aí está. Morreu o Animal Feroz, viva o Animal Domesticado.
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Aleluia, que nasceu o novo homem, doce, cordato, simpático, sereno. "Hossana" grita o país em coro, maravilhado com o testemunho de humildade franciscana que agora transborda das suas comunicações e que, qual aura de beatitude, se está a alastrar, comunicando-se a fiéis e a infiéis, a jornalistas e políticos. Santos Silva, Silva Pereira e Luís Paixão Martins olham-no embevecidos e murmuram: "É tão humilde, não é?".
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Do sector privado ao público, do gentio da fértil OTA aos nómadas de Alcochete, todos dão graças como no "Sermão da montanha"; "Bem-aventurados os mansos pois herdarão a terra" ouve-se em coro quando o povo sobressaltado vê que o Animal Feroz partiu e em seu lugar serpenteia a mansidão dialogante. Estava tudo previsto. Foi inspiração súbita que levou os técnicos da assessoria de imagem a ter o ímpeto de correr para o Antigo Testamento e parar, siderados, em Isaías 65:25 onde se lê claramente: "E o lobo e o cordeiro pastarão juntos (em longas entrevistas, subentende-se) e o leão comerá palha como o jumento e (subentende-se) não haverá mais cenas embaraçosas".
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Nem no Parlamento. Nem à saída da Comissão Política. Nem quando o mais humilde dos repórteres abordar o novo José Sócrates e lhe perguntar se o haver mais um arguido no seu staff próximo é mau para ele, e o novo Sócrates, sorrindo docemente, responder: "Desculpe. Ser arguido é bom. Eu acho que todo o meu staff devia ser arguido." De facto, a diferença é tão abissal que já nem precisamos de eleições. Já mudámos de governante. Ou melhor ainda. O governante mudou-se a si mesmo. Acabou-se o vociferante Orlando Furioso de Ariosto, destruído em autocombustão purificadora entre frémitos coléricos no Parlamento e estertores catárticos em estúdios de TV. Ficou-nos o Orlando Enamorato de Boiardo, suave, sério, intenso e sempre, sempre, terno.
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Como é que podemos cometer o sacrilégio de ir buscar as turvas águas do sapal de Alcochete para enlamear o renascimento? Os vendilhões já foram escorraçados do templo. Fica-nos a nova era e a nova imagem que vai ser construída por santos profetas milagreiros, que já produziram santos milagres em África, onde Santos, em poucos dias e alguns milhões de petrodólares e gemas de sangue, passou de ditador a santificado líder eleito. Se conseguiram fazer isto, convencendo os africanos junto ao Equador que era preciso usar um grosso cachecol de lã com as cores do MPLA em pleno Verão Austral, como é que não hão-de convencer os portugueses a quem a fé nunca faltou nesta terra de prodígios?
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Ontem foi em Fátima, hoje é na Comissão Política do PS e nas Novas Fronteiras e em Portugal, sempre houve crentes e crédulos.
Mário Crespo
in JN
Coisas do Arco-da-Velha...Dois motivos de orgulho nacional...
Somos um povo com fraca auto-estima, com uma espécie de complexo de inferioridade relativamente a outros povos. Felizmente, porém, que de vez em quando alguém nos recorda que temos por cá motivos de orgulho.
Recentemente, dos mais variados sectores, e por vezes do mais alto nível, chegaram apelos ao nosso nacionalismo.
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O facto de Cristiano Ronaldo, depois de ser o melhor futebolista do Mundo, protagonizar a transferência mais cara de sempre foi elevada pelos média ao nível de um triunfo nacional. A verdade é que ninguém ficou indiferente, desde o ministro do Desporto inglês ao Parlamento espanhol, desde os presidentes da UEFA e da FIFA a treinadores e jogadores, por essa Europa fora. Em regra para dizer mal, invejosos pelo facto de ser portuguesa uma estrela tão de primeira grandeza. Escandalizam-se com os milhões de euros despendidos pelo Real Madrid e pelo facto de Cristiano Ronaldo ganhar 150 mil contos por mês.
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E eu penso nos infelizes futebolistas que ganham, já não direi metade, mas uns míseros 10% dessa quantia e que, apesar de tudo, e imagina-se com que dificuldades, lá vão fazendo a sua vida com 15 mil contos/mês! Mas é assim a vida, é assim o mundo do futebol - e, polémica à parte, fica-me este consolo: estão a falar de um português e, portanto, devo sentir-me orgulhoso.
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Pois se até a primeira figura do Estado foi convidada a pronunciar-se sobre esse tema de tanto interesse nacional! E da mesma fonte veio a chamada de atenção para o facto de termos outro português do qual devemos orgulhar-nos: o dr. Durão Barroso.
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Segundo o PR, não é nada indiferente, bem pelo contrário, a circunstância de ser um português a presidir à Comissão Europeia. Será mesmo uma questão de «interesse nacional». Interesse nacional?! Mas então ele não deve, indiferentemente, defender o interesse de todos «nós, europeus»? Se assim é, que interessa que seja português, ou não?
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Mas, está bem, se o nosso ego nacional se alevanta por termos esses dois portugueses tão gloriosos, que não seja por falta de apoio meu!
Recentemente, dos mais variados sectores, e por vezes do mais alto nível, chegaram apelos ao nosso nacionalismo.
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O facto de Cristiano Ronaldo, depois de ser o melhor futebolista do Mundo, protagonizar a transferência mais cara de sempre foi elevada pelos média ao nível de um triunfo nacional. A verdade é que ninguém ficou indiferente, desde o ministro do Desporto inglês ao Parlamento espanhol, desde os presidentes da UEFA e da FIFA a treinadores e jogadores, por essa Europa fora. Em regra para dizer mal, invejosos pelo facto de ser portuguesa uma estrela tão de primeira grandeza. Escandalizam-se com os milhões de euros despendidos pelo Real Madrid e pelo facto de Cristiano Ronaldo ganhar 150 mil contos por mês.
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E eu penso nos infelizes futebolistas que ganham, já não direi metade, mas uns míseros 10% dessa quantia e que, apesar de tudo, e imagina-se com que dificuldades, lá vão fazendo a sua vida com 15 mil contos/mês! Mas é assim a vida, é assim o mundo do futebol - e, polémica à parte, fica-me este consolo: estão a falar de um português e, portanto, devo sentir-me orgulhoso.
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Pois se até a primeira figura do Estado foi convidada a pronunciar-se sobre esse tema de tanto interesse nacional! E da mesma fonte veio a chamada de atenção para o facto de termos outro português do qual devemos orgulhar-nos: o dr. Durão Barroso.
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Segundo o PR, não é nada indiferente, bem pelo contrário, a circunstância de ser um português a presidir à Comissão Europeia. Será mesmo uma questão de «interesse nacional». Interesse nacional?! Mas então ele não deve, indiferentemente, defender o interesse de todos «nós, europeus»? Se assim é, que interessa que seja português, ou não?
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Mas, está bem, se o nosso ego nacional se alevanta por termos esses dois portugueses tão gloriosos, que não seja por falta de apoio meu!
Sérgio Andrade
in JN
A revolta iraniana...
O Irão vive o maior momento de agitação desde a revolução islâmica de 1979. Com milhões de pessoas nas ruas contestando o resultado das eleições presidenciais, supostamente ganhas pelo actual presidente Ahmadinejad, os protestos já dividiram o regime e os resultados são imprevisíveis.
Neste dossier, coordenado por Luis Leiria, o Esquerda.net procura analisar e contextualizar a revolta.
Dossier em constante actualização.
A abrir, Lee Sustar, do Socialist Worker, analisa a dinâmica dos protestos populares e da repressão no artigo O Irão em ebulição.
O famoso jornalista Robert Fisk mostra que apesar da intimidação, a vontade de derrubar Ahmadinejad continua forte, seis dias depois: Choram-se os mortos do Irão - mas a luta continua.
Um Quem é quem na política iraniana oferece um pequeno guia para compreender melhor os actuais acontecimentos.
Trinta anos depois da Revolução islâmica, o país reduziu as disparidades entre cidades e campos, mas mantém enormes contradições. É o que mostra o artigo
Irão: As desigualdades fragilizam a República islâmica.
Evocamos em seguida o debate mais aceso da campanha eleitoral e apresentamos um resumo do programa de Moussavi.
in Esquerda.Net
Neste dossier, coordenado por Luis Leiria, o Esquerda.net procura analisar e contextualizar a revolta.
Dossier em constante actualização.
A abrir, Lee Sustar, do Socialist Worker, analisa a dinâmica dos protestos populares e da repressão no artigo O Irão em ebulição.
O famoso jornalista Robert Fisk mostra que apesar da intimidação, a vontade de derrubar Ahmadinejad continua forte, seis dias depois: Choram-se os mortos do Irão - mas a luta continua.
Um Quem é quem na política iraniana oferece um pequeno guia para compreender melhor os actuais acontecimentos.
Trinta anos depois da Revolução islâmica, o país reduziu as disparidades entre cidades e campos, mas mantém enormes contradições. É o que mostra o artigo
Irão: As desigualdades fragilizam a República islâmica.
Evocamos em seguida o debate mais aceso da campanha eleitoral e apresentamos um resumo do programa de Moussavi.
in Esquerda.Net
Tehran 20 June 2009 Iranians protest against election results
Costa Martins arrasa memórias de Vasco Lourenço...
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Num extenso comentário enviado ao Expresso, o coronel Costa Martins disseca o livro "Do Interior da Revolução", uma longa entrevista de Vasco Lourenço a Maria Manuela Cruzeiro, do Centro de Documentação 25 de Abril e editado pela Âncora. Martins acusa Lourenço: "Em alguns casos, inventa factos; noutros - para fugir a responsabilidades, ou por ignorância - diz desconhecê-los; e em outros, manipula-os e subverte-os, chegando, por vezes, a fazê-lo de forma ridícula e até incorrendo em flagrantes contradições".
Piloto-aviador na reforma, Costa Martins também esteve envolvido no golpe de 25 de Abril, após o que foi ministro do Trabalho de todos os governos de Vasco Gonçalves. Membro dos conselhos de Estado e da Revolução, participou em muitos dos episódios referidos no livro por Vasco Lourenço, mas pertencendo a uma corrente político-militar diferente: enquanto este foi um dos operacionais do "grupo dos nove", Martins fazia parte da corrente "gonçalvista", alinhada com o PCP. Se Lourenço foi um dos vencedores do 25 de Novembro, Martins passou à clandestinidade e chegou a viver em Angola.
"Vasco Lourenço tem o direito de não entender que o mundo ultrapassa os limites do seu umbigo", escreve Costa Martins. "O que não tem é o direito de ofender tudo e todos para dar largas ao seu exacerbado egocentrismo e à sua desmedida megalomania, parecendo usá-los como capa para mascarar as suas frustrações. Nem tem o direito de denegrir o bom-nome e a honra dos seus camaradas militares, com invencionices, deturpações e manipulações de factos, mentiras e calúnias, espezinhando tudo e todos, muitas vezes dissertando sobre o que não sabe, ou não conhece, e atraiçoando a própria História do país".
Segue-se, na íntegra, o texto do coronel Costa Martins (os subtítulos são da responsabilidade do Expresso).
Piloto-aviador na reforma, Costa Martins também esteve envolvido no golpe de 25 de Abril, após o que foi ministro do Trabalho de todos os governos de Vasco Gonçalves. Membro dos conselhos de Estado e da Revolução, participou em muitos dos episódios referidos no livro por Vasco Lourenço, mas pertencendo a uma corrente político-militar diferente: enquanto este foi um dos operacionais do "grupo dos nove", Martins fazia parte da corrente "gonçalvista", alinhada com o PCP. Se Lourenço foi um dos vencedores do 25 de Novembro, Martins passou à clandestinidade e chegou a viver em Angola.
"Vasco Lourenço tem o direito de não entender que o mundo ultrapassa os limites do seu umbigo", escreve Costa Martins. "O que não tem é o direito de ofender tudo e todos para dar largas ao seu exacerbado egocentrismo e à sua desmedida megalomania, parecendo usá-los como capa para mascarar as suas frustrações. Nem tem o direito de denegrir o bom-nome e a honra dos seus camaradas militares, com invencionices, deturpações e manipulações de factos, mentiras e calúnias, espezinhando tudo e todos, muitas vezes dissertando sobre o que não sabe, ou não conhece, e atraiçoando a própria História do país".
Segue-se, na íntegra, o texto do coronel Costa Martins (os subtítulos são da responsabilidade do Expresso).
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Uma ofensa ao 25 de abril
* Costa Martins
* Costa Martins
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No Expresso de 25-04-2009, foi publicado um artigo de José Pedro Castanheira alusivo ao livro de Vasco Lourenço, intitulado "Do Interior da Revolução" em que sou visado. À partida, senti relutância em ler o livro pelo facto de Vasco Lourenço não me merecer confiança e por estar farto das suas mentiras e calúnias. Contudo, algumas pessoas recomendaram-me que o lesse, e acabei por fazê-lo. E valeu a pena.
A entrevistadora, no contexto das perguntas e com os seus profundos conhecimentos, refere aspectos importantes da História recente de Portugal.
Vasco Lourenço, dissertando sobre tudo e sobre todos, faz declarações por vezes inéditas.
Em alguns casos inventa factos; noutros - para fugir a responsabilidades, ou por ignorância - diz desconhecê-los; e em outros, manipula-os e subverte-os, chegando, por vezes, a fazê-lo de forma ridícula e até incorrendo em flagrantes contradições.
Vasco Lourenço chega a declarar que Melo Antunes era o único que tinha um plano estratégico para o país, mas que "foi um benefício" a sua saída da Comissão Coordenadora, quando ele entrou!
E afirma a seguir que: "o mesmo se passando com a substituição de Costa Martins por Canto e Castro". Não se tratou de substituição na Comissão Coordenadora, mas sim da usurpação do meu lugar no Conselho da Revolução, "cozinhada" de forma porca e suja, que então denunciei e o Expresso publicou.
Não somos burros dispostos a comer toda a palha
Vasco Lourenço mostra a sua verdadeira personalidade, sobre a qual não posso pronunciar-me em termos clínicos porque não sou médico da especialidade; mas posso e devo fazê-lo em termos de apreciação comum, ainda que, por agora, de forma não muito aprofundada para não me alongar demasiado - apesar de haver "pano para mangas"...
Vasco Lourenço tem o direito de não entender que o mundo ultrapassa os limites do seu umbigo.
O que não tem é o direito de ofender tudo e todos para dar largas ao seu exacerbado egocentrismo e à sua desmedida megalomania, parecendo usá-los como capa para mascarar as suas frustrações.
Nem tem o direito de denegrir o bom-nome e a honra dos seus camaradas militares, com invencionices, deturpações e manipulações de factos, mentiras e calunias, espezinhando tudo e todos, muitas vezes dissertando sobre o que não sabe, ou não conhece, e atraiçoando a própria História do País.
Na voracidade dos enganos vai ao ponto de nem sequer poupar a criança, seu neto, na dedicatória que lhe fez! Toma-nos a todos como se fossemos uns burros dispostos a comer toda a palha que nos quer dar.
Certamente usando o dom da ubiquidade, esteve em todas as reuniões do MFA. Dirigiu e comandou tudo e todos, admoestou generais e pô-los em sentido. Ameaçou atirar pela janela quem se lhe opusesse, e reclamou camisa-de-forças. Vetou decisões que não lhe interessavam - ainda que, por vezes, contrariando a vontade de todos os outros. Impôs o que entendeu. Opôs-se a que existissem Generais na Junta de Salvação. Entendeu que seria ele "o comandante do 25 de Abril". Achou que os órgãos de comunicação social "tinham de estar disciplinados". E propôs-se vetar o resultado das eleições democráticas se entendesse que os eleitos eram "reaccionários"!
Com um tal democrata, para quê ditadores?
No 16 de Março
À medida que avançava na leitura do livro ia-se-me aguçando o interesse por tropeçar no capítulo em que Vasco Lourenço tivesse ordenado a Deus que se afastasse, para que fosse ele a comandar o mundo. Mas não o conseguiu.
E tudo por causa dos seus camaradas militares, porque uns são "cobardes", outros "tontos", outros "pobres diabos", outros "actores de palco", outros, "um bluff". Enfim, "uma cambada de incompetentes".
E os spinolistas? Essa "cambada de inúteis e imbecis" que "Spínola tinha à sua volta" e que só se apercebeu disso quando ele lhe chamou a atenção durante um reparo que lhe fez.
Foi por tudo isso que, logo no dia 16 de Março - já nos Açores - "sem saber exactamente o que se estava a passar" chamou "montes de nomes à malta do Movimento. Estúpidos. Deitaram tudo a perder! "
Não fora a contenção imposta pelo seu profundo sentimento de camaradagem - que sempre alardeou - e teria muito mais epítetos para qualificar toda essa cambada de incompetentes, de inúteis e imbecis, estúpidos, tontos, cobardes, pobres diabos, actores de palco, bluffs, que, em vez de o ajudarem só o atrapalharam!
E foi por causa deles que não conseguiu afastar Deus e tomar o comando do mundo! Mas, também se o tivesse conseguido, não tinha tido a possibilidade de, no 25 de Abril, nos Açores, apelar ao Aspirante Ramos para que rezasse!
Isto, à cautela, não fosse o diabo tecê-las, porque apesar de ter deixado tudo preparado e todas as ordens dadas a todos antes de embarcar para os Açores, o Otelo podia não as ter entendido e resolver usurpar-lhe o palco - que era seu, exclusivamente seu!
No 25 de Abril
Já os fascistas, também estúpidos e incompetentes, nem discorreram que, se em vez de o terem mandado para os Açores em princípios de Março o tivessem feito alguns dias antes, não tinha havido 25 de Abril!
E a coisa que não lhes perdoa "foi o impedirem que estivesse aqui no 25 de Abril" - embora confesse que sempre esteve disposto a seguir!
A fls. 187 do livro, a propósito da sua ida para os Açores, faz mesmo a seguinte declaração: "Está bem. Eu embarco. Já fizemos o que tínhamos a fazer, aliás, eu sempre estive disposto a seguir"!
Se em vez de sempre ter estado disposto a seguir, tivesse tido a determinação de ficar e a coragem de enfrentar o regime recusando-se a embarcar, teria cá estado no 25 de Abril. Mas preferiu o pseudo rapto, para show off e como forma de fugir às responsabilidades, "empurrando-as" para cima de outros, em vez de as assumir.
Até porque, pouco tempo antes, um Capitão do Estado-Maior da Força Aérea, a quem fora imposta uma deportação, recusou-se a embarcar e, mesmo sem ter atirado indivíduos pelas janelas nem reclamado camisa-de-forças, ficou cá e participou activamente no 25 de Abril! Contudo, melhor fora que esse "tonto" não tivesse cá ficado.
Então não é que ele, "incapaz de perceber o seu Princípio de Peter", no 25 de Abril ia deitando tudo a perder com a emissão de um NOTAM determinando o encerramento do espaço aéreo português, o que fez com que Vasco Lourenço se visse impedido de regressar de imediato a Lisboa para estar "aqui no Continente, no centro dos acontecimentos" - no palco! Crime de "lesa-majestade" que nunca mais lhe perdoou.
Contudo, se tivesse recusado seguir para os Açores, Vasco Lourenço, não teria sabido que, "afinal [tinha] uma importância doida" - apesar de não ter sido nessa altura que pediu uma camisa-de-forças - só se tendo apercebido disso quando, no seu embarque, se deparou no Aeroporto com os "pides, com aqueles carimbos todos da PIDE, gabardina, óculos escuros, ar sinistro"..."pides por todo o lado"..."tantos!"
Mas não foi só em relação à ida para os Açores que, em matéria de fuga às responsabilidades em momentos sérios e difíceis, Vasco Lourenço esqueceu a sua tão exibida frontalidade e procurou fugir às responsabilidades.
A entrevistadora, no contexto das perguntas e com os seus profundos conhecimentos, refere aspectos importantes da História recente de Portugal.
Vasco Lourenço, dissertando sobre tudo e sobre todos, faz declarações por vezes inéditas.
Em alguns casos inventa factos; noutros - para fugir a responsabilidades, ou por ignorância - diz desconhecê-los; e em outros, manipula-os e subverte-os, chegando, por vezes, a fazê-lo de forma ridícula e até incorrendo em flagrantes contradições.
Vasco Lourenço chega a declarar que Melo Antunes era o único que tinha um plano estratégico para o país, mas que "foi um benefício" a sua saída da Comissão Coordenadora, quando ele entrou!
E afirma a seguir que: "o mesmo se passando com a substituição de Costa Martins por Canto e Castro". Não se tratou de substituição na Comissão Coordenadora, mas sim da usurpação do meu lugar no Conselho da Revolução, "cozinhada" de forma porca e suja, que então denunciei e o Expresso publicou.
Não somos burros dispostos a comer toda a palha
Vasco Lourenço mostra a sua verdadeira personalidade, sobre a qual não posso pronunciar-me em termos clínicos porque não sou médico da especialidade; mas posso e devo fazê-lo em termos de apreciação comum, ainda que, por agora, de forma não muito aprofundada para não me alongar demasiado - apesar de haver "pano para mangas"...
Vasco Lourenço tem o direito de não entender que o mundo ultrapassa os limites do seu umbigo.
O que não tem é o direito de ofender tudo e todos para dar largas ao seu exacerbado egocentrismo e à sua desmedida megalomania, parecendo usá-los como capa para mascarar as suas frustrações.
Nem tem o direito de denegrir o bom-nome e a honra dos seus camaradas militares, com invencionices, deturpações e manipulações de factos, mentiras e calunias, espezinhando tudo e todos, muitas vezes dissertando sobre o que não sabe, ou não conhece, e atraiçoando a própria História do País.
Na voracidade dos enganos vai ao ponto de nem sequer poupar a criança, seu neto, na dedicatória que lhe fez! Toma-nos a todos como se fossemos uns burros dispostos a comer toda a palha que nos quer dar.
Certamente usando o dom da ubiquidade, esteve em todas as reuniões do MFA. Dirigiu e comandou tudo e todos, admoestou generais e pô-los em sentido. Ameaçou atirar pela janela quem se lhe opusesse, e reclamou camisa-de-forças. Vetou decisões que não lhe interessavam - ainda que, por vezes, contrariando a vontade de todos os outros. Impôs o que entendeu. Opôs-se a que existissem Generais na Junta de Salvação. Entendeu que seria ele "o comandante do 25 de Abril". Achou que os órgãos de comunicação social "tinham de estar disciplinados". E propôs-se vetar o resultado das eleições democráticas se entendesse que os eleitos eram "reaccionários"!
Com um tal democrata, para quê ditadores?
No 16 de Março
À medida que avançava na leitura do livro ia-se-me aguçando o interesse por tropeçar no capítulo em que Vasco Lourenço tivesse ordenado a Deus que se afastasse, para que fosse ele a comandar o mundo. Mas não o conseguiu.
E tudo por causa dos seus camaradas militares, porque uns são "cobardes", outros "tontos", outros "pobres diabos", outros "actores de palco", outros, "um bluff". Enfim, "uma cambada de incompetentes".
E os spinolistas? Essa "cambada de inúteis e imbecis" que "Spínola tinha à sua volta" e que só se apercebeu disso quando ele lhe chamou a atenção durante um reparo que lhe fez.
Foi por tudo isso que, logo no dia 16 de Março - já nos Açores - "sem saber exactamente o que se estava a passar" chamou "montes de nomes à malta do Movimento. Estúpidos. Deitaram tudo a perder! "
Não fora a contenção imposta pelo seu profundo sentimento de camaradagem - que sempre alardeou - e teria muito mais epítetos para qualificar toda essa cambada de incompetentes, de inúteis e imbecis, estúpidos, tontos, cobardes, pobres diabos, actores de palco, bluffs, que, em vez de o ajudarem só o atrapalharam!
E foi por causa deles que não conseguiu afastar Deus e tomar o comando do mundo! Mas, também se o tivesse conseguido, não tinha tido a possibilidade de, no 25 de Abril, nos Açores, apelar ao Aspirante Ramos para que rezasse!
Isto, à cautela, não fosse o diabo tecê-las, porque apesar de ter deixado tudo preparado e todas as ordens dadas a todos antes de embarcar para os Açores, o Otelo podia não as ter entendido e resolver usurpar-lhe o palco - que era seu, exclusivamente seu!
No 25 de Abril
Já os fascistas, também estúpidos e incompetentes, nem discorreram que, se em vez de o terem mandado para os Açores em princípios de Março o tivessem feito alguns dias antes, não tinha havido 25 de Abril!
E a coisa que não lhes perdoa "foi o impedirem que estivesse aqui no 25 de Abril" - embora confesse que sempre esteve disposto a seguir!
A fls. 187 do livro, a propósito da sua ida para os Açores, faz mesmo a seguinte declaração: "Está bem. Eu embarco. Já fizemos o que tínhamos a fazer, aliás, eu sempre estive disposto a seguir"!
Se em vez de sempre ter estado disposto a seguir, tivesse tido a determinação de ficar e a coragem de enfrentar o regime recusando-se a embarcar, teria cá estado no 25 de Abril. Mas preferiu o pseudo rapto, para show off e como forma de fugir às responsabilidades, "empurrando-as" para cima de outros, em vez de as assumir.
Até porque, pouco tempo antes, um Capitão do Estado-Maior da Força Aérea, a quem fora imposta uma deportação, recusou-se a embarcar e, mesmo sem ter atirado indivíduos pelas janelas nem reclamado camisa-de-forças, ficou cá e participou activamente no 25 de Abril! Contudo, melhor fora que esse "tonto" não tivesse cá ficado.
Então não é que ele, "incapaz de perceber o seu Princípio de Peter", no 25 de Abril ia deitando tudo a perder com a emissão de um NOTAM determinando o encerramento do espaço aéreo português, o que fez com que Vasco Lourenço se visse impedido de regressar de imediato a Lisboa para estar "aqui no Continente, no centro dos acontecimentos" - no palco! Crime de "lesa-majestade" que nunca mais lhe perdoou.
Contudo, se tivesse recusado seguir para os Açores, Vasco Lourenço, não teria sabido que, "afinal [tinha] uma importância doida" - apesar de não ter sido nessa altura que pediu uma camisa-de-forças - só se tendo apercebido disso quando, no seu embarque, se deparou no Aeroporto com os "pides, com aqueles carimbos todos da PIDE, gabardina, óculos escuros, ar sinistro"..."pides por todo o lado"..."tantos!"
Mas não foi só em relação à ida para os Açores que, em matéria de fuga às responsabilidades em momentos sérios e difíceis, Vasco Lourenço esqueceu a sua tão exibida frontalidade e procurou fugir às responsabilidades.
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No PREC
No Verão de 1975, a dada altura houve reuniões do CR, no Alfeite, em dias sucessivos. Numa dessas reuniões, para me atacar, fez acusações graves relativamente a dois processos que corriam no Ministério do Trabalho.
Não podendo exibir elementos, por não os ter naquele momento, limitei-me a manifestar profunda estranheza.
No dia seguinte levei os respectivos dossiers à reunião e provei ser mentira tudo quanto Vasco Lourenço propalara na véspera.
Por não estar disposto a tolerar calunias, dirigi-me ao Primeiro-Ministro e ao Presidente da República, que participavam da reunião, e apresentei a minha demissão - que o Expresso noticiou. E sugeri a nomeação de Vasco Lourenço para me substituir como Ministro do Trabalho. Porque o cargo não era "pêra doce", encolheu-se e esquivou-se a aceitar tais responsabilidades.
Na sequência de insistentes solicitações do PR e do PM para que eu permanecesse em funções, acabei por aceitar, mas deixei bem claro que não admitiria críticas levianas e assentes em falsidades, para mais vindas de quem mostrava incapacidade para desempenhar as funções e assumir as inerentes responsabilidades.
Também, mais tarde, no dia 25 de Novembro, quando o confrontei com as vergonhosas calúnias que propalara na entrevista publicada no República em 20-11-75, relativas à Cabala do "Dia do Salário, mais uma vez mentindo procurou fugir às suas responsabilidades, declarando que não tinha dito "nada daquilo", que fora tudo invenções dos jornalistas e que iria fazer o desmentido no dia seguinte. Nunca cumpriu, nem nunca se retratou!
No 25 de Novembro
Com todo o seu heroísmo, no 25 de Novembro, em vez de ter assumido as suas responsabilidades, indo para o Comando da Região Militar de Lisboa, da qual era o comandante, "[deu] instruções a Ramalho Eanes para ir para a Amadora", e resolveu ficar em Belém" debaixo das asas do PR - não fosse, desta vez, o diabo tecê-las, para mais com a agravante de não ter à mão o Aspirante Ramos para rezar.
Mas há cerca de um ano teve o descaramento de declarar que no dia 25 de Novembro nunca me viu em Belém, apesar de se ter encontrado comigo nas duas vezes em que lá fui reunir-me com o PR, precisamente a propósito do 25 de Novembro! No livro faz a seguinte surpreendente declaração: "Eu ainda hoje não percebi qual foi a actuação do Costa Martins". Assim sendo, tem falado à toa, de forma irresponsável e inconsciente, quando sobre ela se tem pronunciado; para mais, fazendo-o geralmente à base de mentiras e calúnias!
Aliás, para que Vasco Lourenço pudesse "perceber qual foi a minha actuação" teria de saber primeiro, o que verdadeiramente, esteve por trás do 25 de Novembro, por trás da sua azáfama, do "levar e trazer", do "diz que disse" e das tarefas sujas a que se prestou, mentindo e caluniando camaradas que, de boa fé, o consideravam amigo.
É óbvio que eu - tal como a esmagadora maioria da população - não estava de acordo com os crescentes desmandos com que, no dia a dia, éramos confrontados, nem com o desnorte existente no País. Mas sabia que o que estava em causa não era o apregoado. E sempre estive contra a destruição dos Valores e Princípios Éticos, imprescindíveis ao relacionamento dos cidadãos na "prometida sociedade de rosto humano."
O exibicionismo da megalomania
Vasco Lourenço, na ânsia da sua desmedida ambição, parece ter corrido atrás de miragens acenadas por "aladinos" - qual coelho correndo atrás das cenouras - mas que, a final, em matéria de concretização se confinaram a duas efémeras estrelas, rapidamente apagadas quando os seus "brilhantes serviços" deixaram de "ter aproveitamento".
E de pouco lhe serviu ter ido sentar-se na cadeira do Primeiro-Ministro, em São Bento, num dia em que o Governo reuniu em Belém.
Parece serem essas as causas das suas incontidas frustrações bem espelhadas no livro, ainda que aparentemente camufladas pelo exibicionismo da sua megalomania e pela linguagem deselegante, grosseira e por vezes ofensiva, com que se refere a camaradas e se dirige publicamente a entidades respeitáveis, inclusivamente ao próprio Presidente da República, pensando que, assim, parece importante!
Não podendo exibir elementos, por não os ter naquele momento, limitei-me a manifestar profunda estranheza.
No dia seguinte levei os respectivos dossiers à reunião e provei ser mentira tudo quanto Vasco Lourenço propalara na véspera.
Por não estar disposto a tolerar calunias, dirigi-me ao Primeiro-Ministro e ao Presidente da República, que participavam da reunião, e apresentei a minha demissão - que o Expresso noticiou. E sugeri a nomeação de Vasco Lourenço para me substituir como Ministro do Trabalho. Porque o cargo não era "pêra doce", encolheu-se e esquivou-se a aceitar tais responsabilidades.
Na sequência de insistentes solicitações do PR e do PM para que eu permanecesse em funções, acabei por aceitar, mas deixei bem claro que não admitiria críticas levianas e assentes em falsidades, para mais vindas de quem mostrava incapacidade para desempenhar as funções e assumir as inerentes responsabilidades.
Também, mais tarde, no dia 25 de Novembro, quando o confrontei com as vergonhosas calúnias que propalara na entrevista publicada no República em 20-11-75, relativas à Cabala do "Dia do Salário, mais uma vez mentindo procurou fugir às suas responsabilidades, declarando que não tinha dito "nada daquilo", que fora tudo invenções dos jornalistas e que iria fazer o desmentido no dia seguinte. Nunca cumpriu, nem nunca se retratou!
No 25 de Novembro
Com todo o seu heroísmo, no 25 de Novembro, em vez de ter assumido as suas responsabilidades, indo para o Comando da Região Militar de Lisboa, da qual era o comandante, "[deu] instruções a Ramalho Eanes para ir para a Amadora", e resolveu ficar em Belém" debaixo das asas do PR - não fosse, desta vez, o diabo tecê-las, para mais com a agravante de não ter à mão o Aspirante Ramos para rezar.
Mas há cerca de um ano teve o descaramento de declarar que no dia 25 de Novembro nunca me viu em Belém, apesar de se ter encontrado comigo nas duas vezes em que lá fui reunir-me com o PR, precisamente a propósito do 25 de Novembro! No livro faz a seguinte surpreendente declaração: "Eu ainda hoje não percebi qual foi a actuação do Costa Martins". Assim sendo, tem falado à toa, de forma irresponsável e inconsciente, quando sobre ela se tem pronunciado; para mais, fazendo-o geralmente à base de mentiras e calúnias!
Aliás, para que Vasco Lourenço pudesse "perceber qual foi a minha actuação" teria de saber primeiro, o que verdadeiramente, esteve por trás do 25 de Novembro, por trás da sua azáfama, do "levar e trazer", do "diz que disse" e das tarefas sujas a que se prestou, mentindo e caluniando camaradas que, de boa fé, o consideravam amigo.
É óbvio que eu - tal como a esmagadora maioria da população - não estava de acordo com os crescentes desmandos com que, no dia a dia, éramos confrontados, nem com o desnorte existente no País. Mas sabia que o que estava em causa não era o apregoado. E sempre estive contra a destruição dos Valores e Princípios Éticos, imprescindíveis ao relacionamento dos cidadãos na "prometida sociedade de rosto humano."
O exibicionismo da megalomania
Vasco Lourenço, na ânsia da sua desmedida ambição, parece ter corrido atrás de miragens acenadas por "aladinos" - qual coelho correndo atrás das cenouras - mas que, a final, em matéria de concretização se confinaram a duas efémeras estrelas, rapidamente apagadas quando os seus "brilhantes serviços" deixaram de "ter aproveitamento".
E de pouco lhe serviu ter ido sentar-se na cadeira do Primeiro-Ministro, em São Bento, num dia em que o Governo reuniu em Belém.
Parece serem essas as causas das suas incontidas frustrações bem espelhadas no livro, ainda que aparentemente camufladas pelo exibicionismo da sua megalomania e pela linguagem deselegante, grosseira e por vezes ofensiva, com que se refere a camaradas e se dirige publicamente a entidades respeitáveis, inclusivamente ao próprio Presidente da República, pensando que, assim, parece importante!
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*Costa Martins Coronel piloto aviador, na reforma; ex-ministro do Trabalho dos II, III, IV e V Governos Provisórios; ex-membro da Comissão Coordenadora do MFA, do Conselho de Estado, do Conselho da Revolução e do Conselho dos Vinte.
*Costa Martins Coronel piloto aviador, na reforma; ex-ministro do Trabalho dos II, III, IV e V Governos Provisórios; ex-membro da Comissão Coordenadora do MFA, do Conselho de Estado, do Conselho da Revolução e do Conselho dos Vinte.
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